Ala de jovens do PT acusa sigla de 'sufocar' renovação
Pano de fundo do conflito é uma discussão interna de redução de 3% para 1% do recurso
A Juventude do PT pressiona o partido do presidente por mais espaço no fundo eleitoral. Isso acontece em meio à busca, pelo governo, de ofensiva junto ao público jovem para a melhorar a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Uma carta assinada pelo grupo e enviada à direção nacional da sigla acusa o partido de "sufocar e impedir a transição geracional interna".
O pano de fundo do conflito é uma discussão interna de redução de 3% para 1% do recurso para financiamento de campanhas que é repassado a grupos específicos e que representam movimentos da juventude, LGBTQIA+, sindical e cultural. O documento foi revelado pela “Folha de S. Paulo” e confirmado pelo Globo.
"O recado passado com as repetidas ações da Direção Nacional é o expresso objetivo de sufocar e impedir a transição geracional interna, de impedir que emerjam parlamentares pretos/as, LGBTs, ambientalistas, do campo e das periferias, indígenas e quilombolas", afirma texto assinado pela direção da Juventude do PT.
Um dos alvos da crítica, a tesoureira do PT, Gleide Andrade, afirma que não há proposta de percentuais sendo construída ou apresentada. Segundo ela, esse debate ocorrerá no final de julho.
Em nota divulgada após a carta vir a público, a secretária Nacional da Juventude do Partido dos Trabalhadores, Nádia Garcia, afirmou que "tentativas vazias de jogar a Direção da Juventude do PT e seus filiados jovens petistas contra a Direção Nacional do Partido não prosperarão e devem ser combatida", diz.
O texto também afirma que não há "qualquer definição" que tenha deliberado sobre percentual e distribuição de recursos do fundo eleitoral.
O confronto interno do PT é mais um sinal das dificuldades que o governo também enfrenta para se aproximar desse público. Numa tentativa de evitar que se amplie uma sensação de decepção do governo junto aos jovens, o Planalto prevê o anúncio de um pacote que reunirá iniciativas já lançadas para a faixa etária de 15 a 29 anos, que corresponde a 23% da população.
O governo quer dar, na prática, uma nova roupagem para medidas já anunciadas para mostrar que tem iniciativas específicas voltadas a esse público. O pedido para este lançamento partiu do próprio presidente.
Pesquisas internas encomendadas pelo Planalto identificarem que essa faixa etária está insatisfeita com o governo.
Os levantamentos apontam que esse público, embora tenha majoritariamente votado em Lula e rejeite o ex-presidente Jair Bolsonaro, avalia a gestão federal de forma regular e tem uma percepção de que governo poderia estar fazendo mais.
O carro-chefe da lista deve ser o programa Pé-de-Meia, que prevê auxílio financeiro mensal de R$ 200 para estudantes do Ensino Médio, além de uma poupança a ser sacada no fim do curso.
A criação de cem novos institutos federais no país também vem sendo citada por auxiliares. Responsável por capitanear o programa, ainda sem nome, a Secretaria-Geral da Presidência identificou 200 ações em 28 ministérios voltadas a esse público.
Pesquisa Datafolha da semana passada mostrou que, de março até agora, oscilou de 21% para 24% o contingente de jovens (16 a 24 anos) que avalia o governo como ruim ou péssimo, enquanto recuaram de 32% para 25% os que, dentro dessa faixa etária, consideram a gestão como ótima ou boa.
A margem de erro, no recorte por idade, é de cinco pontos percentuais para mais ou menos. Levantamento Quaest do mês anterior já havia detectado tendência semelhante de desgaste.