líbano

EUA alerta que conflito entre Israel e Hezbollah poderia desencadear guerra regional

A guerra em Gaza entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas aumentou as tensões em toda a região

Uma mulher passa pelos escombros de um edifício que foi destruído por bombardeios israelenses anteriores na vila de Yaroun, no sul do Líbano, perto da fronteira com Israel - AFP

Os Estados Unidos alertaram que um conflito entre Israel e o movimento libanês Hezbollah poderia desencadear uma guerra regional no Oriente Médio, enquanto agências da ONU relatam que um milhão de palestinos em Gaza enfrentam uma situação de fome "catastrófica".

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, reuniu-se, nesta terça-feira (25), com seu par israelense, Yoav Gallant, no Pentágono, e defendeu uma solução diplomática.

"Outra guerra entre Israel e Hezbollah poderia facilmente se transformar em um conflito regional, com consequências terríveis para o Oriente Médio", declarou Austin.
 

"A diplomacia é, com certeza, a melhor maneira de se evitar uma escalada maior", acrescentou.

"Estamos colaborando estreitamente para alcançar um acordo, mas também precisamos nos preparar para todos os cenários possíveis", disse Gallant no início da reunião.

A guerra em Gaza entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas aumentou as tensões em toda a região.

As trocas de disparos entre as forças israelenses e o movimento Hezbollah, apoiado pelo Irã e aliado do Hamas, são quase diárias.

Na semana passada, o Exército israelense afirmou que os planos para uma ofensiva no Líbano estavam "aprovados e validados", mas o governo americano tenta evitar outro grande conflito no Oriente Médio.

Em Beirute, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, alertou que um "erro de cálculo" poderia desencadear uma guerra total entre Israel e Hezbollah e pediu que haja "extrema moderação".

Por sua vez, o Canadá orientou que seus cidadãos deixem o Líbano "enquanto ainda é possível", devido ao risco de uma escalada de violência.

Ataque em Gaza 
Israel não cessou seus bombardeios sobre a Faixa de Gaza nem sua batalha contra o Hamas desde o ataque do grupo em 7 de outubro de 2023.

Autoridades palestinas disseram nesta terça que um ataque matou 10 membros da família do chefe político do Hamas, Ismail Haniyeh, incluindo sua irmã.

O Exército israelense não confirmou de imediato o ataque, que, segundo a agência de Defesa Civil em Gaza, atingiu a casa da família no campo de refugiados de Al Shati, no norte do país, deixando alguns corpos presos sob os escombros.

O Exército afirmou que suas forças atacaram integrantes do Hamas "dentro de instalações escolares" em Al Shati e outra área no norte de Gaza durante a noite, os acusando de envolvimento no ataque de 7 de outubro e "manterem reféns cativos".

O porta-voz da agência de Defesa Civil, Mahmud Basal, disse à AFP: "Há dez mártires e vários feridos como resultado do ataque, incluindo Zahr Haniyeh, irmã do chefe do escritório político do Hamas, Ismail Haniyeh".

Graves consequências para as crianças 
A guerra mais sangrenta da história de Gaza começou com o ataque do Hamas em 7 de outubro contra Israel, que resultou em 1.195 mortes, na maioria civis, segundo um levantamento da AFP com base em números israelenses.

Além disso, os militantes palestinos fizeram cerca de 250 reféns, dos quais 116 permanecem em Gaza, incluindo 42 que o Exército israelense acredita que estejam mortos.

A ofensiva de retaliação de Israel causou a morte de pelo menos 37.658 pessoas, também civis na maioria, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

Philippe Lazzarini, diretor da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA, na sigla em inglês), alertou em uma reunião em Genebra sobre o terrível impacto da guerra nas crianças de Gaza.

"Basicamente, temos dez crianças perdendo uma ou duas pernas em média a cada dia", disse Lazzarini à imprensa.

Este número "não inclui os braços e mãos, e temos muitos mais desses", acrescentou, citando dados do Unicef.

"Dez por dia, isso significa quase 2 mil crianças após mais de 260 dias desta guerra brutal", disse Lazzarini.

Um novo relatório do Programa Mundial de Alimentos da ONU diz que "um quadro sombrio de fome continua", apesar de a advertência da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (CIF) em março não ter se materializado.