Lula dá aval para mudança da meta de inflação com novo prazo de referência
Cotado para assumir presidência do Banco Central, Gabriel Galipolo participou de reunião com o presidente
Em reunião nesta terça-feira com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galipolo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu aval para que a meta de inflação seja alterada com um novo prazo de referência.
O ano-calendário, que vigora atualmente, será substituído pela meta contínua em que vai se analisando continuamente se a inflação está dentro da meta definida.
Haddad vinha defendendo publicamente desde o ano passado uma mudança nos parâmetros adotados hoje para que o país tenha um sistema em que a meta de inflação seja contínua. Atualmente, a meta é definida seguindo o ano calendário - para 2024, o objetivo a ser perseguido pelo BC é manter a inflação em 3 %, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Nota técnica
Nesta quarta-feira, a Secretaria de Política Econômica deve divulgar uma nota técnica sobre a mudança da meta. Em seguida, o Conselho Monetário Nacional (CMN) irá se reunir para definir a meta de inflação, que deve ser de 3%.
O CMN é formado por Haddad, pela ministra do Planejamento, Simone Tebet, e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que foi alvo de críticas duras de Lula na semana passada durante entrevista à rádio CBN.
O principal cotado para substituir Campos Neto, cujo mandato à frente do BC termina em dezembro, é Galípolo, que circulou pelo Planalto nesta terça-feira. O diretor do Banco Central entrou no palácio pela porta da frente e, depois, esteve com Lula.
A reunião também contou com a presença do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e da ministra da Casa Civil substituta, Miriam Belchior. O secretário de Política Monetária da Fazenda, Guilherme Mello, também participou.
Como a mudança na meta de inflação, em vez de considerar um ano cheio para atingir a meta, o objetivo seria perseguido num período mais longo. Dessa forma, o BC poderia ser mais suave na sua atuação para manter os preços sob controle.
A avaliação dentro do governo é que uma regra que não siga o ano-calendário poderia atenuar as pressões e reduzir as chances da a política monetária ser muito contracionista - ou seja, com taxas de juros muito elevadas.