Saúde

Alzheimer: estudo pioneiro da revista Nature é despublicado; entenda

Trabalho feito pela Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, contém imagens manipuladas

Sinais precoces de Alzheimer - Pixabay

Um estudo sobre Alzheimer que é referência no assunto foi despublicado da revista Nature, uma das revistas científicas mais prestigiadas do mundo, na última segunda-feira (24).

Em outras palavras, os autores sêniores do artigo decidiram retratar o estudo sobre a causa da doença forma mais comum de demência depois de reconhecerem que o trabalho contém imagens manipuladas.

O estudo, publicado em 2006, sugeriu que a doença poderia ser causada pela proteína beta-amiloide e foi citado quase 2.500 vezes nos últimos 18 anos, o que o tornaria o o segundo artigo mais citado a ser retratado, de acordo com dados do Retraction Watch.

A manipulação das imagens foi revelada em 2022, por uma investigação da renomada revista Science.

“Eu não tinha conhecimento de qualquer manipulação de imagem no artigo publicado até que fui informado há dois anos”, escreveu Karen Ashe, da Universidade de Minnesota Twin Cities, no site de discussão PubPeer.

O artigo de 2006 sugeriu que uma proteína beta amiloide chamada Aβ*56 poderia causar Alzheimer. Os autores relataram que a proteína estava presente em camundongos geneticamente modificados para desenvolver uma doença semelhante à doença de Alzheimer e que aumentava de acordo com o declínio cognitivo.

A equipe também relatou déficits de memória em ratos injetados coma proteína.

Dessa forma, a beta-amiloide parecia oferecer um alvo terapêutico específico e promissor contra a doença, e muitos aceitaram a descoberta.

Durante anos, os investigadores tentaram melhorar os resultados da doença de Alzheimer eliminando o acúmulo dessa proteína no cérebro, mas todos os medicamentos experimentais que seguiram essa linha falharam.

Além das falhas no tratamento, a descoberta de manipulação das imagens do artigo gerou dúvidas na comunidade científica sobre a veracidade das conclusões do estudo. No entanto, Ashe garante que as conclusões do estudo se mantém.

“Continuo acreditando que a Aβ*56 (nome da proteína beta-amiloide) pode desempenhar um papel importante na doença de Alzheimer e direcionar sua remoção pode levar a benefícios clínicos significativos”, escreveu no PubPeer.

Esse não foi o primeiro estudo feito por pesquisadores da Universidade de Minnesota e publicado na revista Nature que foi retratado. Em 17 de junho, um artigo sobre o potencial terapêutico das células-tronco também foi retratado.