AMÉRICA LATINA

Países da Celac devem condenar tentativa de golpe de Estado na Bolívia em reunião nesta quinta (27)

Para governo brasileiro, apesar de golpe ter sido sufocado, situação requer cautela

Militares tomam praça em frente à sede da Presidência em La Paz, Bolívia - Aizar Raldes/AFP

Os líderes dos países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) se reúnem, na tarde desta quinta-feira, para discutir a situação na Bolívia. A expectativa é que saia uma declaração conjunta condenando a tentativa de golpe militar no país, que surgiu e foi abortada na quarta-feira.

A reunião de emergência, que acontecerá em formato virtual, foi articulada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para interlocutores do governo brasileiro, embora Arce tenha saído mais forte, por ter sufocado o movimento, a situação ainda merece atenção redobrada.

 

A mensagem a ser levada aos militares que apoiaram o golpe é que a Bolívia ficará isolada, se insistirem em romper com a democracia no país. Com esse argumento, Lula telefonou para a presidente de Honduras, Xiomara Castro, que ocupa a presidência pro tempore da Celac, para que a reunião fosse convocada.

Um importante interlocutor do governo brasileiro disse que a reação internacional funcionou como um cerco político ao general Juan José Zuñiga, apontado como o responsável pela tentativa de golpe de Estado, e seus apoiadores. E o Brasil teve um papel importante, pois é considerado estratégico pelos bolivianos.

O Brasil é um grande importador de gás boliviano. Ano passado, comprou quase US$ 600 milhões do país, dando uma relevante contribuição para as contas públicas da Bolívia. O governo brasileiro não hesitaria em romper relações com os vizinhos.

O general Zuñiga foi preso e o clima é de aparente tranquilidade. Mas a avaliação é de que todo cuidado é pouco na tentativa de debelar movimentos antidemocráticos.

Se o golpe se confirmasse, a Bolívia estaria descumprindo a cláusula democrática que está no Protocolo de Ushuaia, firmado em 1998 pelos países da região. O país, que está prestes a entrar no Mercosul, seria punido com o isolamento, incluindo a participação em acordos de cooperação e preferências comerciais.

No próximo dia 9 de julho, Lula viajará para a Bolívia, onde se reunirá com Luis Arce. A viagem já estava programada, antes do episódio de quarta-feira, mas a situação no país chegou a pesar em uma avaliação interna, sobre a ida do presidente do país. Antes, Lula participará de um encontro de presidentes do Mercosul, no Paraguai.