golpe na bolívia

Embaixador da Bolívia no Brasil afirma que reação internacional ajudou a sufocar tentativa de golpe

Diplomata boliviano diz que quarta-feira (26) foi um dia ruim para a democracia

Tropas militares tomam praça em La Paz em tentativa de golpe de Estado na Bolívia - Aizar Raldes/AFP

O embaixador da Bolívia em Brasília, Horacio Villegas, afirmou ao GLOBO que a atuação da comunidade internacional para ajudar a debelar a tentativa de golpe militar em seu país, na última quarta-feira, foi "rápida, forte e contundente".

Villegas destacou a defesa da democracia boliviana pelo Brasil e as demais nações latino-americanas.

"A participação da comunidade internacional foi muito rápida, forte e contundente, principalmente de toda a América Latina. O Brasil reagiu. O governo do presidente Lula foi solidário com a Bolívia. O governo boliviano está muito agradecido por isso" disse o diplomata.

Nesta quinta-feira, o governo da Bolívia anunciou a detenção de mais 17 pessoas, incluindo militares ativos e reformados, além de vários civis, pela suposta ligação com a tentativa de golpe de Estado que ocorreu um dia antes. Entre os presos estão os ex-comandantes das Forças Armadas.

"O que aconteceu foi uma situação muito complexa. Os três comandantes das Forças Armadas tentaram invadir o Palácio Queimado, na Praça Murillo. Queriam dar um golpe de Estado. Houve momentos complicados, que duraram cerca de três horas. Mas agora a situação está controlada."

Segundo o embaixador, a Bolívia passa por uma crise econômica e, diante desse cenário, há pessoas que querem se aproveitar da situação para desestabilizar o país. O episódio que aconteceu na tarde de quarta-feira, ressaltou, não terminou ainda. Haverá uma profunda investigação.

"Quarta-feira foi um dia ruim para a democracia, mas a resposta foi positiva" afirmou.

Apesar do clima de tranquilidade, Villegas disse que não é o momento de baixar a guarda. É preciso ter cuidado e os novos comandantes das Forças Armadas poderão ajudar na manutenção na democracia no país.

Perguntado sobre uma possível participação de setores da extrema-direita na tentativa de golpe, o diplomata disse que essa vertente política é bem-vinda, "desde que jogue no campo democrático".

"A extrema-direita é sempre bem vinda, mas se não joga na democracia, surgem os problemas. A resposta para todos os problemas políticos é a democracia. Essa é a postura do povo boliviano."

Em um evento nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva associou a tentativa de golpe na Bolívia a interesses estrangeiros, principalmente, na grande quantidade de reservas de lítio do país. O embaixador não disse se concorda com a avaliação de Lula, mas admitiu que o território boliviano é rico em recursos naturais.

"A Bolívia tem muito gás que ainda não foi explorado, as maiores reservas de lítio do mundo, além de ferro, fosfato, terras raras e urânio. O que a Bolívia tem que fazer é cuidar desses recursos."