MINAS GERAIS

Pressionado por PSD para apoiar prefeito, Lula diz que deputado do PT é seu nome em Belo Horizonte

Em entrevista, presidente também falou sobre a dívida pública do estado, criticou Zema e voltou a elogiar Rodrigo Pacheco

Lula diz que deputado do PT é seu nome em Belo Horizonte - Ricardo Stuckert/PR

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), reiterou seu apoio ao pré-candidato à prefeitura de Belo Horizonte e deputado federal Rogério Correia (PT).

A declaração, dada em entrevista à FM O Tempo, ocorre em meio à pressões do PSD para que Lula apoie o prefeito Fuad Noman em sua tentativa de reeleição.

— O Rogério é o candidato do PT. Ele é um quadro muito respeitado e continua sendo o candidato do PT, o meu candidato à prefeito de Belo Horizonte — disse.

A declaração ocorre um dia após o encontro entre o presidente e Fuad Noman, que o recebeu no aeroporto nesta quinta-feira, antes de sua agenda em Contagem. Fuad decidiu não estar hoje, em Belo Horizonte, ao lado do presidente. Articuladores apontam que o prefeito não quer "ficar de figuração".

O desconforto na corrida eleitoral ocorre pela disputa entre três pré-candidatos pelo apoio de Lula. Além de Rogério e Fuad, a deputada federal Duda Salabert (PDT) também solicita a presença do presidente em seu palanque.

Nos bastidores, especula-se sobre uma aliança que envolva Rogério Correia e Fuad Noman. Ao GLOBO, o presidente do PSD no estado, o deputado Cassio Soares, garante que é uma possibilidade, mas critica o parlamentar petista:

— Quem determina o caminho é o presidente Lula, que já demonstrou vontade de apoiar a candidatura do prefeito, mas há uma ressalva à postura do Rogério de agressão a um político que apoiou Lula.

Dívida de Minas
A dívida pública de Minas Gerais com a União Federal, hoje avaliada em R$ 170 bilhões, foi um dos principais tópicos da entrevista do presidente à FM O Tempo.

Segundo Lula, o pagamento do montante tornou o mandato do ex-governador do PT, Fernando Pimentel (2015-2019) um "fracasso". Ele aproveitou para alfinetar o atual governador, Romeu Zema (Novo), que, de acordo com o chefe do Executivo, usufrui de uma liminar concedida a Pimentel para não pagar o montante devido à União Federal.

— A dívida Minas Gerais levou o Pimentel a ser um governante que teve um fracasso muito grande porque ele teve que pagar uma dívida e quando ganhou o processo no final do mandato, o Zema que tirou proveito disso porque o Pimentel passou quatro anos sem pagar funcionário público, fornecedores, porque tinha que pagar o governo federal. Quando a ministra Rosa Weber deu a liminar, o Pimentel não usufrui disso, quem usufrui o Zema que faz seis anos que não paga a dívida, que chega a R$ 170 bilhões de reais.

A liminar mencionada pelo presidente expira no próximo dia 13, após duas prorrogações conseguidas pelo governo de Minas apenas neste ano e que será solicitada novamente por mais 120 dias.

Lula também rebateu uma fala do vice-governador, Mateus Simões (Novo), que disse em vídeo nas redes sociais que não teve a chance de conversar com o presidente. Simões representou Zema na agenda em Contagem nesta quinta-feira — o governador está no Norte do estado.

— Eu conversei com o vice, ele sentou na mesma fila de cadeiras que cheguei. Conversei com ele na chegada e na saída e ainda procurei ele para dizer para o governador que estamos cuidando da dívida. Obviamente que gostaria que os governadores estivessem presentes. Eu nunca deixei de convidar o governador. Eu respeito ir ou não ir. Mas porque é importante estar presente? É uma demonstração para a sociedade que essa gente está tentando resolver os problemas desse país.

Eleições em 2026
Nesta sexta-feira, Lula voltou a elogiar Rodrigo Pacheco (PSD) e indicar que apoiaria uma possível candidatura do presidente do Senado ao governo de Minas Gerais.

— Eu tenho uma grata surpresa com o crescimento político do Pacheco. Ele é um jovem, advogado bem sucedido e acho que hoje ele é a figura pública mais importante de Minas Gerais. Obviamente que as coisas só vão acontecer se ele quiser, mas acho que ele tem todas as condições de fazer uma disputa eleitoral e ganhar as eleições, mas não posso decidir por Minas Gerais. Acho que os partidos vão se reunir e discutir.

Na quinta-feira, o chefe do Executivo já havia dito que considerava Pacheco um "grande nome", além de ter afirmado que ele só não seria o candidato ao governo de Minas se não quisesse. No final do dia, Pacheco disse ter recebido "com alegria" as manifestações de apoio.

Nos bastidores, o presidente do Senado tem indicado, desde o ano passado, que concorrer ao governo é o seu plano. O comunicado interno veio junto com a tomada das rédeas da renegociação da dívida pública do estado, que hoje já ultrapassa os R$ 170 bilhões. Dentro do PSD, o único nome que poderia bater de frente com ele é o ex-prefeito Alexandre Kalil.