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Suprema Corte dos EUA limita lei utilizada contra invasores do Capitólio

Decisão pode gerar consequências indiretas no julgamento federal contra Trump

Apoiadores do presidente dos EUA, Donald Trump, protestam dentro do Capitólio dos EUA - Roberto Schmidt/AFP

A Suprema Corte dos Estados Unidos limitou, nesta sexta-feira (28), o campo de ação de uma lei utilizada contra os apoiadores do ex-presidente Donald Trump que invadiram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021, ao anular uma acusação contra um deles.

Esta decisão pode gerar consequências indiretas no julgamento federal contra Trump, por supostamente ter tentado alterar o resultado das eleições de 2020, que o atual presidente do país, Joe Biden, ganhou, já que esta é uma das acusações que pesa contra ele.

O julgamento do republicano está suspenso, aguardando que a Suprema Corte do país se pronuncie - a princípio nesta sexta - sobre a imunidade penal que o ex-presidente reivindica.
 

A decisão desta sexta se concentra em saber se a acusação de obstrução de um procedimento oficial se aplica ao ataque ao Capitólio, ou seja, a tentativa de impedir que o Congresso validasse os resultados das eleições.

O tribunal, por uma maioria de seis votos a três, considera que a lei não pode ser aplicada ao ex-policial Joseph Fischer pelo que fez em 6 de janeiro de 2021.

Para provar que a lei foi violada nesse caso, a acusação deve "estabelecer que o réu comprometeu a disponibilidade ou a integridade de registros, documentos ou objetos destinados a serem utilizados em um processo oficial", escreveu o presidente da Suprema Corte, John Roberts, em nome da maioria.

A juíza conservadora Amy Coney Barrett e dois colegas progressistas discordaram de Roberts.

Barrett acredita que essas são "contorções semânticas" para dar à lei uma interpretação mais restritiva do que, segundo ela, pretendia o Congresso.

O procurador-geral Merrick Garland lamentou a decisão, que "limita uma importante lei federal" usada por seus serviços para responsabilizar os principais autores do "ataque sem precedentes" ao sistema institucional, em 6 de janeiro de 2021.

Entretanto, a decisão "só terá consequências em um pequeno número de casos", segundo o departamento, que aponta que das mais de 1.400 pessoas acusadas de envolvimento no ataque ao Capitólio, menos de 18% foram processadas ou condenadas especificamente por essa acusação.

Dos que tiveram algum tipo de penalização, cerca de 50 foram condenados apenas por esta queixa e 27 estão atualmente cumprindo penas de prisão, conforme a mesma fonte.