BRASIL

Avião da FAB: saiba como é o cargueiro "mais rápido e moderno do mundo"

KC-390 Millennium foi equipado com sistema que projeta até 12 mil litros d'água pela lateral do avião. Aeronave já foi usada em missões humanitárias no RS, Haiti, Líbano e outros

KC-390 Millennium: cargueiro da FAB ajuda a combater incêndio no Pantanal - Divulgação / FAB

A força-tarefa de combate à quantidade histórica de focos de incêndio no Pantanal recebeu um reforço de peso. Trata-se do avião KC-390 Millennium, da Força Aérea Brasileira, considerado o cargueiro mais rápido e moderno do mundo.

A aeronave chegou a Corumbá, no Mato Grosso do Sul, nesta sexta-feira. Ela já foi usada em diversas missões humanitárias dentro e fora do Brasil, mas esta será a primeira vez, segundo a FAB, que será utilizada para uma missão real de combate a incêndio.

Recentemente, o C-390 Millenium foi usado no apoio à catástrofe das chuvas no Rio Grande do Sul, para envio de doações e equipamentos, como bombas de drenagem. Em fevereiro deste ano, chegou inclusive a participar de uma força-tarefa de ajuda contra queimadas florestais na Colômbia, mas apenas levando um equipamento para ser acoplado a uma aeronave colombiana.

 

Antes, a aeronave brasileira já havia participado de missões humanitárias em países como Haiti e Líbano, além de importantes carregamentos pelo Brasil durante a Covid-19. O avião também foi o primeiro a lançar cargas à Estação Comandante Ferraz, na Antártida.

— O avião tem capacidade de 12 mil litros de água por abastecimento e é a primeira vez que é usado no Pantanal, além das sete aeronaves já usadas no combate — disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nesta sexta-feira.

A FAB explicou que a aeronave foi equipada com um Sistema Modular Aerotransportável de Combate a Incêndios (MAFFS, do inglês Modular Airborne Fire Fighting System), que fornece ao avião a funcionalidade necessária para realizar a ação de combate a incêndio em voo de forma segura.

O equipamento instalado ao KC-390 projeta água pela porta lateral na fuselagem, permitindo manter o interior da aeronave pressurizada, ou seja, sem comprometer seu desempenho. Entre as principais características do sistema MAFFS II, estão o baixo custo de manutenção, rápida configuração e flexibilidade multimissão, podendo ser utilizado no combate a incêndios, derramamento de produtos químicos, contaminação nuclear, radiológica e biológica, entre outros.

O equipamento conta com um tubo que projeta água pela porta traseira esquerda do avião, podendo descarregar até 3 mil galões — aproximadamente 12 mil litros — de água em áreas de incêndios, com ou sem retardante de fogo, conforme o critério de nível de cobertura padrão do solo e em diversos tipos de terrenos. Este sistema oferece maior precisão, aumentando significativamente a eficácia das operações de combate a incêndios. Tudo isso é realizado levando em conta as adversidades da operação, que requer um voo a baixa altitude, baixa velocidade e em elevadas temperaturas. Dessa forma, é possível manter a aeronave pressurizada, ou seja, sem comprometer a performance do KC-390.

— Muito importante e imprescindível este apoio aéreo, porque vamos conseguir fazer lançamento em grande quantidade de água em áreas de difícil acesso — declarou o secretário de Justiça e Segurança Pública, Antonio Carlos Videira.

Desde o início das operações, em 2 de abril de 2024, mais de 400 bombeiros militares foram mobilizados, além de sete aeronaves, incluindo helicópteros e aeronaves Air Tractor, que são aviões com capacidade de transportar água para ser usada no combate aos incêndios.

Desenvolvido a pedido da FAB, o KC-390 é uma aeronave multimissão de transporte e reabastecimento em voo, projetado para substituir a frota brasileira do avião norte-americano Hércules C-130. O KC-390 pode transportar 80 soldados plenamente equipados, 66 paraquedistas ou 74 macas em configuração de evacuação aeromédica. A capacidade máxima de carga é 26 toneladas.

O cargueiro brasileiro, fabricado pela Embraer, está na lista de produtos de defesa exportados pelo Brasil, e já foi adquirido pela Hungria, Portugal e Coreia do Sul.