Alemanha

Protesto em frente ao congresso do partido de extrema direita AfD, que quer governar a Alemanha

Os analistas preveem que o partido, com um programa hostil aos imigrantes, ganhe as eleições regionais no leste da Alemanha, em setembro

Cerca de 50 mil pessoas, segundo os organizadores , marcharam em direção ao local do congresso, empunhando cartazes - AFP

O partido de extrema direita AfD anunciou neste sábado (29) uma estratégia para conquistar o poder na Alemanha após seus bons resultados nas eleições europeias, durante um congresso em Essen, onde houve violentos confrontos entre manifestantes que tentavam bloquear o evento e a polícia.

"Queremos governar, primeiro no leste [da Alemanha], depois no oeste e depois a nível federal", proclamou Tino Chrupalla, copresidente da Alternativa para a Alemanha (AfD), diante de cerca de 550 delegados reunidos em uma sala de eventos dessa cidade situada na parte ocidental do país.

Cerca de 50 mil pessoas, segundo os organizadores (a polícia não forneceu números até o momento), marcharam em direção ao local do congresso, empunhando cartazes com slogans como "Resistência!" ou "Juntos pela Democracia".

O congresso, que durará até domingo, começou com meia hora de atraso devido aos bloqueios de ruas por colunas de manifestantes.

Cerca de mil policiais foram mobilizados na cidade, onde eclodiram confrontos com alguns grupos que participavam da marcha.

Nos tumultos, dois agentes ficaram gravemente feridos e tiveram que ser hospitalizados, informou a polícia do 'länder' (estado federado) de Renânia do Norte-Vestfália.

"Agressores desconhecidos chutaram dois policiais na cabeça" e continuaram "agredindo-os quando estavam no chão", declarou a instituição, acrescentando que outros sete agentes sofreram ferimentos leves.

A polícia informou mais tarde que os ferimentos não eram tão graves como se temia inicialmente, segundo boletins médicos.

"A AfD não é bem-vinda aqui. Defendemos uma sociedade aberta ao mundo e democrática", afirmou Linda Kastrup, porta-voz da associação "Gemeinsam Laut" ("Juntos Ruidosos").

"Contra o extremismo de direita e o racismo, precisamos de forças democráticas fortes e protestos pacíficos", reagiu na rede social X a ministra do Interior, Nancy Faeser. Mas "nada justifica a violência", acrescentou.

 

- "Estamos aqui e ficaremos" -

Chrupalla, reeleito copresidente da AfD junto com Alice Weidel, destacou os avanços nas eleições locais e nas recentes eleições legislativas europeias, nas quais o partido obteve 16% dos votos, à frente do partido social-democrata do chefe de governo alemão, Olaf Scholz.

Os analistas preveem que o partido, com um programa hostil aos imigrantes, ganhe as eleições regionais em três länders do leste da Alemanha em setembro, embora sem uma maioria que lhe permita governar sozinho. Até agora, os outros partidos sempre se recusaram a se aliar com ele.

"Estamos aqui e ficaremos", declarou Weidel na abertura do congresso, recebendo um longo aplauso.

Chrupalla lamentou, no entanto, que o resultado das eleições europeias tenha sido inferior aos 22% que as pesquisas previam até janeiro, quando o partido começou a perder terreno após várias controvérsias em torno de seu chefe de lista, Maximilian Krah.

Krah, da ala mais radical da AfD, ficou inicialmente sob suspeita de proximidade com a Rússia e a China.

Posteriormente, ele afirmou que um membro da milícia do regime nazista SS "não era automaticamente um criminoso".

Essas declarações o afastaram dos eventos de campanha da AfD, que foi, por sua vez, excluída do grupo parlamentar "Identidade e Democracia" (ID) do Parlamento Europeu.