Quem quer o BC autônomo, é o mercado; inflação baixa para mim "é uma obsessão", diz Lula
A declaração de Lula sobre o Banco Central ocorreu em entrevista à Rádio Princesa, em Feira de Santana, na Bahia, nesta segunda-feira (1º)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a reivindicação de autonomia do Banco Central (BC) parte do "mercado" e defendeu a prerrogativa dos presidentes da República de indicar os presidentes da instituição.
A declaração ocorreu em entrevista à Rádio Princesa, em Feira de Santana, na Bahia, nesta segunda-feira (1º).
"Quem quer o Banco Central autônomo é o mercado", disse o presidente. Na sequência, Lula voltou a dizer que teve um Banco Central "independente" com o comando de Henrique Meirelles nos anos 2000. O presidente também criticou novamente a manutenção da taxa de juros em 10,5%.
"O que você não pode é ter um Banco Central que não está combinando adequadamente com aquilo que é o desejo da nação. Nós não precisamos ter política de juro alto neste momento. A taxa Selic a 10,50% está exagerada", afirmou.
Lula também declarou que "a inflação está controlada" para argumentar que os juros deveriam estar mais baixos. "A inflação baixa para mim não é um desejo, é uma obsessão", disse.
O petista também voltou a associar o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"O Banco Central tem que ser de uma pessoa que seja indicada pelo presidente. Como é que pode um presidente da República ganhar as eleições e depois não poder indicar o presidente do Banco Central? Eu estou há dois anos com o presidente do Banco Central do Bolsonaro. Então, não é correto", reclamou.
Lula acrescentou: "O que não dá é o cidadão ter um mandato e ser mais importante do que o presidente da República. É isso o que está equivocado".
Na sequência, o presidente disse ter "paciência" para "esperar a hora" de indicar um novo presidente do Banco Central. Em 2024, Campos Neto encerra o seu mandato, o que abre a possibilidade de Lula indicar um substituto.
"Vamos ver se a gente consegue, com a maior autonomia possível e decência política das pessoas, ter um presidente do Banco Central que olhe o Brasil como ele é e não do jeito que o sistema financeiro fala", afirmou.