Evento especial abre as comemorações do Bicentenário da Confederação do Equador
Autoridades locais e nacionais estiveram presentes no evento; comemorações vão até 2025
Uma cerimônia especial deu início às comemorações dos 200 anos da Confederação do Equador, na manhã desta terça-feira (2).
A solenidade aconteceu no auditório do Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbosa, no bairro do Varadouro, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife.
O presidente do Grupo EQM e fundador da Folha de Pernambuco, Eduardo de Queiroz Monteiro, marcou presença no local e cumprimentou os convidados.
Frei Caneca, presente
No hall de entrada do auditório houve uma exposição da iconografia, produzida pelo artista plástico holandês Robert Ploeg, retratando o rosto do Frei Caneca, personagem central, que pagou com a vida por participar do movimento.
Com a carência de representações do religioso, foi feito um minucioso estudo com referências históricas e iconográficas.
O evento contou com apresentações que remetem ao movimento libertário de 1824, com diversos alunos de escolas públicas de Pernambuco.
Selo postal
Também houve o lançamento do selo postal dos Correios em comemoração ao bicentenário, que teve direção de Carlos Carvalho e produção de Paulo de Castro.
Ainda na oportunidade, foram lançados editais no valor de R$ 300 mil para apresentações de artes cênicas, programação de eventos científicos, ações na Universidade de Pernambuco (UPE), a reedição da obra “Frei Joaquim do Amor Divino Caneca”, de Edvaldo Cabral de Mello, pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), e uma cartilha para os professores dos anos finais da rede estadual.
As comemorações do Bicentenário da Confederação do Equador se estendem durante um ano, tendo encerramento em julho de 2025.
Até lá, serão realizados diversos eventos direcionados à temática, como, por exemplo, um momento científico, em agosto, com historiadores de todo o Brasil.
Eles vão reduscutir e reposicionar a Confederação do Equador na historiografia do País, com publicações inéditas sobre o Frei Caneca. O encontro vai acontecer na Escola de Magistratura de Pernambuco (Esmape), no bairro da Joana Bezerra, centro do Recife.
História de 1824
Depois de uma instabilidade política, os liberais colocaram no comando da província Manoel de Carvalho, que declarou a independência de Pernambuco em 2 de julho de 1824 e convidou outras províncias do Norte como Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte para entrarem no movimento e fundarem um governo republicano.
A reação da coroa foi implacável contra Pernambuco, que foi penalizado com a perda de território, como a Comarca de São Francisco, que compreende hoje o Oeste do Estado da Bahia (anos antes, Pernambuco já havia perdido a Comarca de Alagoas, que compreende atualmente o Estado vizinho, pela Revolução de 1817), e a punição de integrantes do movimento, inclusive com condenações de morte, como aconteceu com Joaquim do Amor Divino, o Frei Caneca, que foi executado no Recife pelo Governo Imperial por participar do movimento.
"Luta que dura até hoje", aponta cientista político
Durante entrevista concedida à Folha de Pernambuco, o cientista político Hely Ferreira aponta indícios de que a luta e a bravura do povo pernambucano permanecem firmes e fortes, mesmo 200 anos depois do movimento que mudou a história dessa gente.
"É uma luta que dura até hoje. Não é por acaso que a formação política de Pernambuco sempre teve representatividade no cenário nacional. A criação do curso jurídico no Brasil começou por aqui. Pernambuco sempre ocupou espaço no cenário nacional", aponta ele.
Hely Ferreira pontua, ainda, que a história do Brasil sempre foi marcada por grandes embates, muitos deles em Pernambuco, que até hoje é conhecido por ser uma terra de "bravos guerreiros" e de postura independente.
"Não é por a caso que, por aqui, se eclodiu o primeiro grito da República. Naquela época, havia uma insatisfação antiga em Pernambuco. Desde a saída dos holandeses, o povo lutou sozinho, sem apoio do Império. Os levantes sempre mostraram uma diferença do Império com Pernambuco", complementa.
"O principal avanço do 1824 para cá tem a ver com a Revolução de 1817, que é justamente com a chegada da República no Brasil. Há fatos importantes que a gente não pode esquecer, como, por exemplo, hoje as pessoas têm acesso à uma coisa básica: a escola. Isso é fruto da República. Naquela época, quem não fosse de família oriunda dos barões da côrte, passava distante da formação intelectual. Pernambuco deu uma grande contribuição com relação a isso", finaliza.