AVALIAÇÃO

Tebet diz que autonomia do BC é 'saudável', mas questiona duração de mandato da presidência

Ministra do Planejamento falou sobre o assunto em audiência no Senado

Simone Tebet, ministra do Planejamento - Valter Campanato/Agência Brasil

A ministra do Planejamento, Simone Tebet, afirmou nesta terça-feira que seria "saudável" a autonomia do Banco Central, mas questionou o mandato de dois anos. A auxiliar de Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que acredita que um ano seria "mais do que suficiente" para se adequar e "passar o bastão".

— Acho que um ano é mais do que suficiente, que é o tempo de se adequar e passar o bastão. Mas, repito, não é porque isso significa interferência do Executivo ou do Legislativo no Banco Central. Isso não é permitido porque a autonomia do BC está aí — afirmou Tebet a jornalistas no Senado.

A ministra afirmou que o mandato de dois anos "cria estresse, ruído".

— Dois anos acho que cria esse estresse, esse ruído. Um ano que possa ter alguém que possa ter diálogo institucional, jamais de vinculação ou direcionamento de política monetária, mas um diálogo institucional mais fácil, seja esse presidente ou o próximo.

Críticas do presidente
Lula voltou a fazer uma série de críticas ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, devido à manutenção da taxa básica de juros em 10,5% ao ano, que interrompeu uma sequência de redução nos juros iniciada em agosto de 2023.

Lula já afirmou que é "absurdo" governar durante dois anos com um presidente do Banco Central indicado por um ex-presidente. Roberto Campos Neto foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem Lula chamou de "adversário" em sua declaração.

— O Banco Central tem autonomia, o cidadão tem mandato. Veja que absurdo: eu ganhei as eleições pra Presidência da República e vou ficar dois anos com um presidente do Banco Central indicado pelo adversário, que pensa ideologicamente diferente de mim, que pensa economicamente diferente de mim — declarou.

Nesta terça-feira, o presidente também afirmou que a alta do dólar preocupa e que a depreciação do real faz parte de um jogo "especulativo" e de "interesses". Ontem, a moeda americana fechou em R$ 5,65, o maior patamar desde janeiro de 2022. Em nova crítica a Campos Neto, Lula afirmou que o comandante do BC tem "viés político".

— O que não dá é você ter alguém dirigindo o Banco Central com viés político. Definitivamente eu acho que ele tem um viés político. Mas, veja, eu não posso fazer nada. Ele é presidente do BC, tem mandato, foi eleito pelo Senado, tenho que esperar acabar o mandato e indicar alguém — disse Lula.