Furacão Beryl avança em direção ao México depois de atingir a Jamaica
Passagem do furacão pela ilha da Jamaica deixou mais de 400 mil moradores sem energia elétrica
O furacão Beryl sacudiu a costa sul da Jamaica na quarta-feira (3) com perigosos ventos e tempestades, e deve atingir o México nesta quinta-feira (4), após deixar pelo menos sete mortos e danos significativos no sudeste do Caribe e na Venezuela.
Beryl é um furacão de categoria 4, a segunda mais elevada na escala, e é particularmente potente para este início de temporada, com ventos que atingem até 215 km/h, segundo o Centro Nacional de Furacões (NHC) dos Estados Unidos.
A passagem pela ilha da Jamaica deixou mais de 400 mil moradores sem energia elétrica e ainda são esperadas "inundações repentinas e deslizamentos de terra vinculados às chuvas torrenciais", segundo o NHC.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o primeiro-ministro jamaicano, Andrew Holness, pediu aos moradores que "respeitem as ordens de evacuação".
"Se você vive em uma área baixa, historicamente propensa a inundações e deslizamentos de terra, ou se mora perto de um rio, eu imploro que siga para um abrigo ou um local mais seguro", disse.
O Beryl deve passar próximo ou sobre as Ilhas Cayman, antes de seguir em direção ao México e Belize, segundo o NHC.
Na península de Yucatán, sudeste do México, as autoridades ordenaram o fechamento das escolas e prepararam mais de 100 abrigos para a população. Também anunciaram a mobilização de centenas de militares e técnicos para reparos nas linhas de energia.
Mudança climática
Segundo especialistas, é muito raro que uma tempestade tão poderosa se forme tão cedo na temporada de furacões do Atlântico, que vai de início de junho a final de novembro.
As águas do Atlântico Norte estão entre um e três graus Celsius mais quentes que o normal, destacou a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA).
Este é o primeiro furacão a alcançar a categoria 4 em um mês de junho e a categoria 5 em julho desde o início dos registros do NHC.
Os cientistas acreditam que as mudanças climáticas, que provocam o aquecimento das águas dos oceanos que favorecem estas tempestades, estão aumentando a probabilidade de rápida intensificação dos fenômenos, assim como o risco de furacões mais potentes.
O secretário da ONU para o clima, Simon Stiell, que tem família na ilha de Carriacou (Granada), afirmou que a mudança climática está "levando as catástrofes a níveis de destruição sem precedentes".
O furacão deixou pelo menos sete mortos em seu caminho, três deles em Granada, onde a tempestade tocou o solo na segunda-feira; um em São Vicente e Granadinas e três na Venezuela, de acordo com autoridades locais.
O primeiro-ministro de Granada, Dickon Mitchell, afirmou que a ilha de Carriacou ficou quase isolada, com casas, telecomunicações e instalações de combustível devastadas após a passagem do furacão.
Seu homólogo de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, declarou que "90% das casas" foram destruídas na ilha de União e alertou que reconstrução exigirá um "esforço hercúleo".
A NOAA alertou no final de maio que a temporada seria extraordinária, com a possibilidade de quatro a sete furacões de categoria 3 ou superior.
As previsões estão relacionadas, em particular, com o desenvolvimento previsto do fenômeno meteorológico 'La Niña', assim como com as temperaturas muito elevadas no Oceano Atlântico, segundo a NOAA.