"Meu Malvado Favorito 4" não entrega o carisma típico do vilão protagonista; leia a crítica
Filme estreia nesta quinta-feira (4) nos cinemas brasileiros
O que fez Gru se tornar um dos vilões favoritos do público foi a ambiguidade do personagem, ponderando sua ambição vilanesca com sua capacidade de ser benevolente.
Em “Meu Malvado Favorito 4”, que estreia nesta quinta-feira (4) nos cinemas brasileiros, temos um compilado nostálgico decepcionante, não fazendo jus à dualidade intrínseca ao personagem nas obras anteriores.
Nesta sequência, o anti-herói continua atuando como agente da Liga Antivilões, chegando a prender Maxime Le Mal, um antigo rival da época da escola, mas a fuga da prisão do inimigo coloca Gru e seus familiares em perigo.
A agência ativa um protocolo de segurança e exila os personagens em uma outra cidade, longe de Maxime e sua fatal namorada Valentina.
Vilão de família
Ao longo dos anos, a família de Gru foi crescendo, sendo formada pelas filhas adotivas Agnes, Edith e Margo, e agora ganhando a adição do travesso Gru Jr., fruto de seu relacionamento com sua esposa Lucy.
Durante o exílio, a presença do pequeno filho causa um sentimento de aflição em Gru, que precisa lidar com a nova vida, longe das suas megalomaníacas aventuras.
Na estadia da família na cidade, as garotas lidam com a nova escola, Lucy tenta trabalhar suas individualidades longe da maternidade, enquanto os Minions servem para realizar experimentos na agência. Por outro lado, Gru fica responsável por Gru Jr. e ocupa o seu tempo com Poppy, uma jovem aspirante à vilã.
Essa separação em diferentes núcleos atrapalhou a narrativa de “Meu Malvado Favorito 4”, que sem rumo colide com a nostalgia, mas sem a emoção e carisma já alcançados pela franquia. O filme ganha uma sensação episódica, com cada personagem tendo seu tempo de tela, mas sem coesão narrativa.
Outro problema da sequência é o vilão Maxime Le Mal. A saga é conhecida pelos vilões singulares, mas esse não impõe presença e não teve um arco histórico.
De volta
“Meu Malvado Favorito 4” tem o retorno de Chris Renaud, o diretor dos dois primeiros filmes, ao lado de Patrick Delage. Apesar de Renaud defender o “congelamento” dos personagens, pois eles não envelhecem, isso poderia dar um tom ao filme.
Envelhecer o elenco, principalmente as filhas de Gru, daria à dupla de diretores novas nuances para explorar, junto com o amadurecimento do seu público. Quando em 2010, “Meu Malvado Favorito” apresentou ao mundo o vilão Gru e os seus famosos ajudantes, os frenéticos Minions, conseguiu cativar crianças e adultos.
A saga centrada no ambíguo Gru teve êxito em trabalhar novas perspectivas: a adoção das filhas, um romance, o reencontro com o seu irmão gêmeo. Em 14 anos, a franquia acertou em realizar filmes canônicos focados nas figuras excêntricas e sádicas dos Minions.
Contudo, “Meu Malvado Favorito 4” não consegue ser uma continuação que celebra a franquia e seus personagens, muito menos diverte o público como nos spin-offs, pois peca por falta de carisma e coesão.