FENEARTE

Fenearte tem Mestre Zuza de Tracunhaém com suas peças de barro

O artista participa da Alameda dos Mestres, da 24ª  Fenearte,  que acontece até 14 de julho, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda

Meste Zuza de Tracunhaém - Foto: Salatiel Cícero

Patrimônio Vivo da cidade de Tracunhaém, interior de Pernambuco, o artesão José Edvaldo Batista, o Mestre Zuza, de 65 anos, celebra sua 24ª participação na Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Fenearte). Com 120 anos de tradição familiar na arte do barro, Zuza ocupa mais uma vez o espaço “Alameda dos Mestres”, com uma coleção especial de santos de barros. A Fenearte é considerada a maior feira de artesanato da América Latina, a foi aberta nessa quarta-feira(3) e segue até 14 de julho, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda.

A produção das peças comercializadas na Fenearte começou a ser realizada desde janeiro deste ano. O processo de fabricação das peças acontece em um espaço montado no quintal de casa, onde o Mestre Zuza molda cada detalhe com muito amor e dedicação.

“A argila é retirada bruta das jazidas em torrões. Em seguida, ela é molhada, e na medida que vai amolecendo, cortamos o barro com enxada por dois ou três dias. Depois o barro é pisado, retirados todas as pedras e impurezas até ficar macio. Após isso, numa mesa de madeira é feito um segundo processo de retirar pedrinha menores. Aí o barro está pronto para ser modelado e transformado em arte”, pontuou o Mestre Zuza. 

À medida que cada peça vai ficando pronta, elas são levadas colocadas em um forno à lenha, em uma temperatura acima de 900ºc.

“A medição da temperatura é feita a olho nú. Um processo totalmente analógico e ancestral. Depois de “queimadas”,  elas passam por uma fase de acabamento, que inclui pintura, lixamento e, por fim, são selecionadas e colocadas à venda.” disse. 

Além de modelar santos, Mestre Zuza trabalha com uma variedade de estilos de obras.

“Eu trabalho com a arte sacra, o lúdico, decorativo e o utilitário. Eu sou um artista que faço de tudo. Uma das obras mais valiosas da minha coleção são as Xifópagas - esculturas que eu faço desde a década de 1980. Essa foi uma das maneiras que encontrei para criar uma peça autoral e diversificar minha produção” Observou.

A inspiração para suas obras sacras vem da fé das pessoas do nordeste.

“Percebi que cada cliente tem um pedido diferente baseado na sua crença. Uns são devotos de São Francisco, outros de Santa Clara e muitos de Nossa Senhora. E essa mistura de pedidos, por exemplo, é o que me dá inspiração e sensibilidade para criar a minha própria arte ", comentou ele, que vem de uma família na qual pai e mãe foram artesãos, além dos seus onze irmãos.