EX-PILOTO

Michael Schumacher: O que se sabe sobre o estado de saúde do ex-piloto após acidente do esqui

Família do heptacampeão de Fórmula 1 foi alvo de chantagem de homens que ameaçavam divulgar imagens 'privadas' na dark web

Michael Schumacher, ex-piloto de Fórmula 1 - AFP

As autoridades alemãs anunciaram esta semana a prisão de dois homens, pai e filho, que tentaram extorquir "milhões" de euros da família de Michael Schumacher para que não divulgassem "fotos privadas" do clã.

As imagens, segundo os suspeitos, seriam de depois do acidente de esqui da lenda da Fórmula 1. O ex-astro da Ferrari não é visto em público desde a queda, em dezembro de 2013, e os detalhes de seu estado de saúde se tornaram alvo de especulação.

Schumacher acabara de se aposentar das pistas de Fórmula 1, encerrando uma das carreiras mais vitoriosas da História da modalidade, quando sofreu um acidente que mudou a sua vida para sempre.

Na manhã de 29 de dezembro de 2013, o ex-piloto de então 44 anos estava esquiando nos Alpes Franceses com a sua família, mas uma pedra cruzou seu caminho de forma trágica.

 

Schumacher esbanjava habilidade e experiência em cima dos esquis. Conhecia muito bem a pista do resort de Meribel, em Les Allues. Ele era dono de uma casa na região, onde passava as viradas de ano com a mulher e os filhos e comemorava seu aniversário, no dia 3 de janeiro.

No momento do acidente, o heptacampeão de Fórmula 1 esquiava entre duas pistas demarcadas. Ele tinha se aventurado na área proibida para ajudar outro esquiador que havia caído por lá. A velocidade do ex-piloto da Ferrari sobre a neve não estava além de suas capacidades, mas havia muitas pedras à mostra.

O esqui de Schumacher bateu em uma rocha, e ele foi atirado a dez metros de distância. Ao cair, bateu a cabeça em outra pedra. Seu capacete ficou partido em dois pedaços.

Levado de helicóptero até o Hospital de Grenoble, nos Alpes, o alemão foi submetido a duas cirurgias e colocado em estado de coma induzido, devido à severidade do traumatismo em seu crânio.

Na opinião de médicos locais, Schumacher poderia ter morrido com a força do choque na pedra. Sua condição era crítica e, desde a primeira notícia sobre o caso, ficou claro que ele poderia não sobreviver.

Em abril de 2014, os médicos começaram a tirar o ex-piloto do coma induzido, e ele mostrou sinais de consciência. Em junho, Schumacher foi transferido para o Hospital de Lausanne, na Suíça, e, cerca de três meses depois, levado para a residência de sua família.

De acordo com sua empresária, a situação do alemão ainda era bastante grave, mas ele estava demonstrando progresso.

A mansão de Schumacher, em Gland, também na Suíça, fora incrementada com os equipamentos médicos necessários para a recuperação do ex-atleta. Segundo informações da época, milhões de dólares foram investidos na instalação de aparelhos e na contratação de profissionais de saúde.

A família do alemão, que já vinha pedindo ao público respeito com a privacidade dele num momento de muito sofrimento, a partir de então, passou a não divulgar nenhuma vírgula sobre o estado do ex-piloto.

Sua mulher, Corinna, havia aturado um assédio antiético da imprensa quando o marido estava internado em Grenoble. Sempre que ela entrava ou saía do hospital, era importunada por dezenas de câmeras e perguntas insistentes. Em sua casa, Corinna deu um basta em tudo.

Desde então, pouquíssimas informações sobre a situação do heptacampeão circularam na imprensa. Nenhuma imagem dele foi divulgada nos últimos dez anos. No fim de 2014, o ex-piloto Philippe Streiff, amigo pessoal do alemão, disse à rádio francesa "Europe 1", depois de uma visita, que Schumacher apresentara "alguma melhora" desde a saída do hospital, mas ainda estava paralisado, em uma cadeira de rodas, e lidava com muitos problemas de memória e de fala.

Em 2019, o francês Jean Todt, ex-dirigente da Ferrari e então presidente da Federação Internacional de Automobilismo, reiterou que o heptacampeão mundial continuava melhorando lentamente, mas ainda lutava para se comunicar. De acordo com Todt, Schumacher já conseguia assistir às corridas pela TV. No mesmo ano, em setembro, a imprensa europeia noticiou que o alemão havia recebido uma terapia inovadora de baseado em células tronco no Hospital Georges-Pompidou, em Paris.

A passagem pela capital francesa havia sido a última notícia concreta sobre a situação do herói das pistas. Mas, na semana passada, o jornal "Sport Bild", da Alemanha, trouxe mais informações sobre o ex-atleta. Segundo a publicação, Schumacher vem sendo levado para trafegar em um carro esportivo da Mercedes. O objetivo disso é estimular o cérebro dele por meio dos sons do motor, algo bastante familiar para alguém que começou a pilotar um kart aos 4 anos de idade.

Mesmo depois de tanto tempo, os parentes de Schumacher continuam sendo importunados por parte da imprensa. Em março de 2023, uma revista alemã publicou uma suposta entrevista com o ex-piloto que seria a primeira desde o acidente. Mais tarde, foi esclarecido que as respostas haviam sido criadas por meio de inteligência artificial. Ou seja, era uma farsa. A família reagiu avisando que processaria a revista, cuja editora responsável acabou demitida em meio a críticas.