Guerra entre Israel e Hamas prossegue em Gaza à espera de novas negociações
Hezbollah anunciou neste sábado (6) que lançou "drones explosivos contra uma instalação militar" em Beit Hillel
Israel manteve neste sábado (6) sua ofensiva terrestre e aérea na Faixa de Gaza, após anunciar que enviaria uma missão a Doha para continuar as negociações visando um cessar-fogo com o Hamas e a libertação dos reféns mantidos pelo grupo islamista palestino.
Enquanto isso, a comunidade internacional expressa preocupação com o risco de que o conflito em Gaza se espalhe para a fronteira norte de Israel, onde os duelos de artilharia entre o Exército e o poderoso movimento libanês Hezbollah são diários.
O Hezbollah, apoiado pelo Irã e aliado ao Hamas, anunciou neste sábado que lançou "drones explosivos contra uma instalação militar" em Beit Hillel, no norte de Israel, onde sirenes antiaéreas soaram.
Por sua vez, o Exército israelense indicou ter interceptado "um alvo aéreo suspeito" e relatou a queda de "artefatos hostis" naquela localidade. Também informou ter realizado bombardeios contra "alvos terroristas do Hezbollah" no sul do Líbano.
Israel afirmou na sexta-feira que "diferenças" persistem nas negociações indiretas com o Hamas - mediadas por Catar, EUA e Egito -, mas que enviará uma delegação a Doha na próxima semana para "continuar os diálogos".
O chefe do Mossad (serviços de inteligência de Israel), David Barnea, teve reuniões na capital catari na sexta-feira, depois de o Hamas apresentar novas "ideias" para alcançar um cessar-fogo.
Em nove meses de guerra, os combates em Gaza só foram interrompidos durante uma pausa de uma semana no final de novembro. As mediações têm esbarrado desde então nas exigências incompatíveis entre os dois lados.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirma que o conflito continuará até "a destruição do Hamas e a libertação de todos os reféns".
Por outro lado, o movimento islamista, que governa Gaza desde 2007, exige um cessar-fogo permanente e a retirada total das tropas israelenses do território palestino.
O conflito começou em 7 de outubro, quando milicianos islamistas mataram 1.195 pessoas, em sua maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo levantamento da AFP com base em dados oficiais israelenses.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já deixou 38.098 mortos, também em sua maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
A ONU alertou para as condições "desastrosas" em que vivem os 2,4 milhões de habitantes da Faixa, sem água nem comida devido ao cerco imposto por Israel. Além disso, o conflito forçou o deslocamento de 80% da população.
"Os destroços caíram em cima de nós"
Pelo menos 87 pessoas morreram nas últimas 48 horas em Gaza, segundo o ministério da Saúde do governo do Hamas. Os bombardeios israelenses atingiram tanto o norte quanto o centro e o sul do território.
"Estávamos dormindo quando, de repente, nossa casa foi atingida. Os destroços caíram em cima nós", contou Mohamad Abu Marahil após um bombardeio em Nuseirat, um campo de refugiados no centro da Faixa.
Pelo menos dez pessoas, incluindo três jornalistas locais, morreram nesta localidade, informaram os socorristas.
O gabinete de imprensa do Hamas relatou que outro jornalista morreu na Cidade de Gaza, no norte. Os combates não deram trégua no bairro de Shujaiyia, no leste da cidade, onde as tropas israelenses realizam uma operação terrestre desde 27 de junho.
O Exército israelense afirmou ter eliminado "membros terroristas do Hamas" e destruído "armas e infraestruturas" do movimento palestino, considerado uma organização terrorista por Israel, União Europeia e Estados Unidos.
Em Rafah, na fronteira com o Egito, no sul da Faixa, o Exército disse ter eliminado "células terroristas" e destruído "vários túneis" do Hamas.