caso da joias

Bolsonaro usou avião presidencial para enviar joias aos EUA, diz PF

Ex-presidente, Jair Bolsonaro, teria acionado aliados para vender itens e receber valores de volta, segundo a investigação

Bolsonaro e joias apreendidas pela Receita, revelação que deu início à investigação - Arquivo

Em relatório final enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro utilizou o avião presidencial, sob alegação de viagem oficial, para enviar joias do acervo presidencial aos Estados Unidos.

A PF indiciou Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid e outras 10 pessoas no inquérito que apura o desvio de joias do acervo presidencial.

“Inicialmente, com a finalidade de distanciar e ocultar os atos ilícitos de venda dos bens das autoridades brasileiras e posterior reintegração ao seu patrimônio, por meio de recursos em espécie, o então presidente Jair Bolsonaro, com o auxílio de seu Ajudante de Ordens, Mauro Cesar Cid, utilizou o avião Presidencial, sob a cortina de viagens oficiais do então chefe de Estado brasileiro para, de forma escamoteada, enviar as joias aos Estados Unidos”, registra o relatório da PF.

Ainda de acordo com a PF, para desviar os itens do acervo presidencial, Bolsonaro acionou terceiros, "que agiram com consciência e vontade de reciclar o ‘capital sujo’, para que os proventos obtidos fossem reintegrados ao patrimônio do ex-presidente, com aparência lícita”, pontuou.

Já em território norte-americano, Cid assumiu a negociação e venda das joias, “por determinação do então presidente”, segundo a PF, “com o objetivo de ocultar o real proprietário e beneficiário final da venda dos bens”.

Em seguida, conforme a polícia, “em continuidade aos atos de lavagem de capitais”, os recursos da venda dos relógios Rolex e Patek Philippe, que somaram US$ 68 mil, foram depositados em junho de 2022 em uma conta em Miami no nome do general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

Segundo a polícia, Cid pai “de forma consciente e voluntária, guardou os recursos financeiros em sua conta bancária, também com o objetivo de ocultar a localização, disposição, movimentação e propriedade dos bens auferidos ilicitamente, distanciando de sua origem”.

“Nos meses seguintes, até meados de março de 2023, os recursos foram repassados, por Mauro Cid e Lourena Cid, de forma fracionada e em espécie para Jair Bolsonaro, conforme a disponibilidade de encontros pessoais com o ex-presidente e seu assessor Osmar Crivelatti, com o objetivo de dificultar a detecção do retorno dos recursos ilícitos ao patrimônio do ex-presidente pelas autoridades brasileiras”, informou a PF.