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Bolsonaro avalia apropriação de joias em mensagem: "Pelo que tudo indica, temos o direito de ficar"

Mensagem de Bolsonaro foi destacada em relatório da PF que indiciou o ex-presidente junto com outras onze pessoas por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro

Bolsonaro - Pablo Porciuncula/AFP

Relatório da Polícia Federal aponta que o ex-presidente Jair Bolsonaro avaliou a possibilidade de "incorporar" os kits de joias dados a ele por autoridades estrangeiras durante viagens oficiais ocorridas entre 2019 e 2021.

O interesse do ex-mandatário apareceu em conversas entre ele e o advogado Frederick Wassef captadas pela PF logo após a descoberto do caso, em março de 2023.

"JAIR BOLSONARO ainda pediu ao advogado que analisasse os trechos destacados em amarelo, levantando a possibilidade de realmente incorporar os bens recebidos", diz o relatório da Polícia Federal que indiciou o ex-presidente e outras onze pessoas pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Em mensagem enviada a Wassef, Bolsonaro citou uma resolução do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2016 para dizer que "tinha o direito" de "ficar com o material".

"Você que é advogado aí, dá uma olhada nisso aí, nós sublinhamos aí um... pintamos de amarelo alguma coisa. Pelo que tudo indica, nós temos o direito de ficar com o material. Dá uma olhada aí". A conversa ocorreu em 7 de março de 2023, alguns dias depois do jornal O Estado de São Paulo revelar que um conjunto de joias destinado à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro havia sido retido no aeroporto de Guarulhos (SP) pela Receita Federal.

As conversas também indicam que o ex-mandatário e o advogado combinaram as explicações que dariam à imprensa sobre o caso. Wassef defendeu que a nota fosse genérica para permitir uma mudança de estratégia "a qualquer momento" sem "se prender".

"Presidente, a nota como está, ela não nos engessa pra nada. Tem abertura pra gente falar de qualquer pauta, mudar de estratégia a qualquer momento porque é uma nota geral, generalizada sem especificar com detalhe. Porque se a gente der muito detalhe se amarra, se prende aquilo", escreveu o advogado a Bolsonaro, em 7 de março.