OPINIÃO

S.O.S Memorial da Medicina de Pernambuco

 O slogan “Salvem o Memorial da Medicina de Pernambuco” foi utilizado pelas entidades médicas e pelas instituições que ocupam aquele espaço cultural, após o incidente ocorrido no dia 26 de abril último que culminou com o desabamento do beiral de toda a fachada posterior do prédio do Derby, conforme atestado por laudo técnico da Defesa Civil, após realização de vistoria. 

          O edifício da antiga Faculdade de Medicina do Recife foi cedido à Academia Pernambucana de Medicina por convênio celebrado com a Universidade Federal de Pernambuco em 1978, visando a preservação da memória da Medicina de nosso estado. O prédio foi integralmente restaurado em 1995 e reinaugurado em 27 de novembro de 1995 com o nome Memorial da Medicina de Pernambuco. 
 
          Naquele local funcionou, de 21 de abril de 1927 até o final de 1958, a Faculdade de Medicina do Recife. Vencendo as muitas dificuldades existentes à época, seu primeiro diretor, o Prof. Octávio de Freitas, juntamente com outros professores de medicina, empreenderam muitos esforços pessoais e recursos próprios para a sua construção e funcionamento. Cabe relembrar que o tombamento do prédio -   uma edificação em estilo neocolonial dos anos vinte - foi solicitado ao Governo do Estado de Pernambuco pelo então Reitor da Universidade. Em 19 de março de 1986, através do Decreto Nº 11.260, assinado pelo então governador Roberto Magalhães, o antigo prédio passou a desfrutar do status de Patrimônio Cultural de Pernambuco. 

          Lamentavelmente, o referido incidente poderia ter sido evitado, se o prédio fosse convenientemente preservado pela instituição responsável, mantendo-se as ótimas condições em que foi entregue, pela administração universitária à época da sua última reforma física, ocorrida há quase 30 anos.

          Apesar de o recente laudo técnico ter atestado que o incidente ocorrido não comprometera o prédio como um todo, recomendando apenas a interdição das salas situadas no fundo da edificação, no térreo e no primeiro andar, para a realização dos devidos reparos, a determinação da administração universitária atual foi de que o prédio fosse completamente interditado e esvaziado até a conclusão das obras. Na prática, tal decisão significa o despejo das instituições que ocupam espaços no prédio, a saber,  a Academia Pernambucana de Medicina (APM), a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional Pernambuco (SOBRAMES-PE), o Instituto Pernambucano de História da Medicina (IPHM), o Museu da Medicina de Pernambuco (MMP), a Associação dos Ex-alunos da Faculdade de Medicina do Recife, a Academia de Artes e Letras de Pernambuco (AALP) e o Instituto de Pesquisas e Estudos da Terceira Idade (IPETI).     
 
Diante da decisão unilateral da administração universitária, as Entidades Médicas de Pernambuco, (Sindicato dos Médicos de Pernambuco (SIMEPE), Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (CREMEPE) e Associação Médica de Pernambuco (AMPE)), prestaram imediato apoio às instituições sediadas no Memorial da Medicina. Desde o primeiro momento abriram as portas de suas salas e auditórios para que as atividades administrativas e socioculturais não fossem interrompidas.

 A partir de reuniões plenárias no SIMEPE, ficou decidido, por consenso, que as entidades médicas e todas as demais instituições que há anos estão sediadas no Memorial pretendem auxiliar e se empenhar para que as obras imprescindíveis à regularização de seus espaços físicos, localizados no prédio do Memorial de Medicina, sejam realizadas. 

  A expressão do sentimento do coletivo das instituições que possuem suas sedes no Memorial é de que “inexiste o animus de desocupar o espaço, levando-se em consideração a importância intrínseca do imóvel”, conforme documento assinado e encaminhado ao Magnífico Reitor da Universidade Federal de Pernambuco.

*Presidente da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional Pernambuco (SOBRAMES-PE)

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