CRIMES

Operação localiza pista ilegal de aeromodelismo em área de proteção ambiental no Recife

Pista representava riscos à aviação comercial, já que foi construída a cerca de 30 km do Aeroporto do Recife

Polícia Civil e outros órgãos detalharam como foi a operação - Polícia Civil de Pernambuco/Divulgação

Uma operação localizou uma pista irregular de aeromodelismo no bairro da Guabiraba, na Zona Norte do Recife.

Segundo a Polícia Civil de Pernambuco, o equipamento, que mede 187 metros de extensão por 17 metros de largura, foi construído em uma área de proteção ambiental. 

No local, foram derrubadas árvores, o que causou prejuízos à fauna e flora silvestres e configura crime ambiental. 

 
 
 
 
 
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Ainda segundo a polícia, por estar a cerca de 30 quilômetros do Aeroporto do Recife, a pista clandestina poderia representar riscos para a aviação comercial.

Detalhes sobre a obra ilegal foram divulgados em coletiva de imprensa conjunta entre a Polícia Civil e outros órgãos que atuaram na operação, nesta terça-feira (9), no Recife. A operação aconteceu em 29 de junho.

O delegado da Delegacia de Polícia do Meio Ambiente (Depoma), Ademar Cândido, disse que sete pessoas estavam no local no momento da operação e o proprietário chegou em seguida. 

"Eles falaram de forma genérica e informaram que o motivo deles praticarem o aeromodelismo é que eles procuraram um local aqui no Recife e tomaram conhecimento da existência desta pista. E aí foram até lá, se inscreveram na Confederação Brasileira de Aeromodelismo e ficaram praticando esse hobby, esse desporto, lá naquela área", afirmou.

Pista era usada por praticantes de aeromodelismo | Foto: Polícia Civil de Pernambuco/Divulgação

Ademar Cândido também explicou que os aeromodelistas começaram a usar a pista depois que o Aeroclube do Pina, na Zona Sul da capital pernambucana, foi fechado.

"Foi por isso que eles partiram pra essa. Ficaram assustados e deram seus depoimentos afirmando que não tinham conhecimento da ilegalidade", acrescentou o delegado.

O inquérito policial foi instaurado e, segundo o delegado Ademar Cândido, está em fase conclusiva. Após o fechamento, a investigação será encaminhada ao Ministério Público de Pernambuco. 

Pista existe há mais de 10 anos
A perita criminal Laura Pin afirmou que não há uma data precisa de quando a pista foi construída, mas imagens de satélite identificaram que o espaço existe, ao menos, desde 2013.

"Por uma análise de imagem de satélite, a gente pôde verificar que ela [a pista] existe ali desde 2013. Dentro do processo de licenciamento ambiental realizado pela CPRH, é apresentado um estudo onde ali sim são avaliados perfeitamente os impactos ambientais e os possíveis meios de mitigar esses impactos", explicou.

"De cara, a gente pode dizer sobre a supressão vegetal, a gente está falando de uma área de Mata Atlântica, uma área determinada como prioridade para a conservação devido à riqueza biológica, onde há várias espécies endêmicas, tanto de fauna quanto de flora, e o uso irregular da área, tem ali dejetos e líquidos", completou Laura Pin.

Pista irregular ficava em área de proteção ambiental (Foto: Polícia Civil de Pernambuco/Divulgação)

Crimes ambientais
O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, Oscar Barreto, explicou que a construção da pista demandou o corte de árvores e outras plantas sem a devida licença no local. 

"Foi um conjunto de crimes ambientais. Não há licença na Secretaria de Meio Ambiente. Identificamos esses crimes e por isso ele [o proprietário] foi autuado. Ao final, vamos qualificar melhor e definir qual o tamanho da multa que vão levar a partir do que nossa equipe técnica vai avaliar", disse.

O diretor de Fiscalização Ambiental da Agência Estadual do Meio Ambiente (CPRH), Maviael Torchia, afirmou que o local corresponde a um trecho da APA Aldeia-Beberibe, instalada por decreto estadual de 2010.

"É uma área abrangente, com oito municípios, que tem uma totalidade de 31.634 hectares, e foi justamente criada com o intuito de preservar os recursos hídricos, a fauna e a flora do bioma Mata Atlântica. Então a partir do momento que você desmata uma área, sem autorização, sem nenhum estudo, sem nenhuma compensação ambiental, você está infringindo diretamente na questão da fauna local", afirmou.

Ele também explicou que o trabalho de investigação irá continuar e que, ao final dos trabalhos, haverá responsabilização do proprietário do espaço, cuja identidade não foi informada.