CRÍTICA

"Como Vender a Lua": Scarlett Johansson e Channing Tatum estrelam comédia romântica espacial

Longa-metragem, que estreia nesta quinta-feira (11), tem a chegada do homem à lua como pano de fundo

Scarlett Johansson e Channing Tatum em "Como Vender a Lua" - Sony Pictures/Divulgação

“Como Vender a Lua”, novo filme estrelado por Scarlett Johansson e Channing Tatum, chega nesta quinta-feira (11) aos cinemas. Tendo como pano de fundo o primeiro pouso do homem em solo lunar, o longa-metragem é inusitado em sua proposta inicial, mas bastante convencional na forma como a executa.

Desde os tempos da corrida espacial provocada pela Guerra Fria, não faltam filmes que tratem de viagens às estrelas. O diferencial da produção dirigida por Greg Berlanti (“Com Amor Simon”), no entanto, é abordar o assunto pelo prisma de uma comédia romântica.

Em “Como Vender a Lua”, Scarlett Johansson dá vida à esperta Kelly Jones. Sua genialidade no marketing e os métodos nada ortodoxos que utiliza para conquistar os clientes fazem com que a publicitária seja convocada para a difícil missão de melhorar a imagem pública da NASA, no final dos anos 1960.

A presença de Kelly causa um incômodo imediato em Cole Davis (Channing Tatum), diretor de lançamento da Apollo 11. Com valores muito bem delimitados, ele discorda das ações feitas pela marketeira, que transforma astronautas em astros midiáticos e atrela marcas de patrocinadores à missão espacial. 

Seguindo a máxima de que “se não pode vencê-los, junte-se a eles”, Cole passa a colaborar com Kelly para que seu projeto consiga arrecadar verbas e sair do papel. Como estamos falando de uma comédia romântica, é claro que a paixão floresce em meio às diferenças e, no fim de tudo, acaba prevalecendo.

Apesar das referências históricas e da representação de personagens reais, “Como Vender a Lua” é uma ficção. O filme propõe uma grande brincadeira sobre as nossas noções de verdade e mentira, ao tratar de maneira satírica uma das mais famosas teorias da conspiração de todos os tempos: a de que a chegada do homem à lua em 1969 foi forjada.

Em determinado momento de seu trabalho, Kelly é surpreendida com uma nova tarefa. Como os Estados Unidos não podem se dar ao luxo de perder a corrida espacial para a União Soviética, a marketeira precisa preparar um plano B: encenar o pouso dos astronautas na lua, transmitir ao vivo e fazer o mundo acreditar que a cena é real.

Transitando entre o drama histórico e a comédia romântica, “Como Vender a Lua” não foge aos clichês típicos dos dois gêneros. O romance entre os protagonistas segue a velha dinâmica de um personagem de ética questionável - mas com fortes razões para isso - que se apaixona por alguém que é o seu exato oposto e é transformado por esse amor. Uma premissa pueril, mas que tem lá o seu charme, especialmente, quando defendida por atores tão cativantes quanto Johansson e Tatum.

Sim, é possível notar uma dose de crítica política direcionada à postura dos Estados Unidos na Guerra Fria. No entanto, as alfinetadas parecem concentradas na figura do ex-presidente Richard Nixon e nunca chegam a atingir a própria NASA. Em nenhum momento, o propósito de tanto dinheiro investido em uma única viagem à lua, por exemplo, é verdadeiramente questionado no longa. No fim das contas, prevalece a versão de uma grande conquista norte-americana, conduzida por figuras cheias de boas intenções.

Se taparmos os olhos por alguns instantes para a incansável mania patriótica hollywoodiana, é possível desfrutar dos 80 minutos oferecidos por “Como Vender a Lua”. Como uma direção de arte caprichosa e um elenco que entrega o que é esperado, o filme é uma boa opção para aqueles dias em que você só quer se sentar confortavelmente em frente ao telão, assistindo a algo leve, despretensioso e que te coloque um sorriso despreocupado no rosto.