Brasil e Bolívia assinam acordo para elevar geração da hidrelétrica de Jirau
Usina fica em Rondônia, nas proximidades do país vizinho
Brasil e Bolívia assinaram, nesta terça-feira (9), um acordo que permite a ampliação da produção de energia pela Usina Hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira (em Rondônia), de 750 megawatts.
A expansão pode ser comparada ao consumo de uma cidade de dois milhões de habitantes, segundo técnicos.
Jirau é a quarta maior geradora de energia do Brasil em capacidade instalada. Formada por 50 unidades geradoras, a usina se conecta ao sistema interligado nacional pela subestação Coletora Porto Velho.
A ideia é elevar o nível do rio até a cota 90 metros, um pleito antigo da hidrelétrica. Isso permite aumentar o rendimento das unidades geradoras e o volume de energia que a usina pode entregar ao sistema.
Essa usina produz muito durante o período de chuvas, mas pouco durante as secas porque não tem reservatório.
A medida foi acertada durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Santa Cruz de La Sierra.
Outros dois atos foram firmados por representantes dos governos dos dois países. Um deles prevê a interconexão dos sistemas de transmissão e distribuição de energia, com o objetivo de fornecer energia a localidades ao norte da Bolívia, que hoje operam de forma isolada.
— Essa interligação com o Brasil ajudará a descarbonizar parte da Amazônia entre os dois países, além de dar mais segurança energética aos nossos vizinhos bolivianos — disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Ele explicou que a interligação se dará entre as subestações Guajará-Mirim (RO/Brasil) e Guayaramerin (Bolívia), e entre as subestações Epitaciolândia (AC/Brasil) e Cobija (Bolívia).
O terceiro acordo permite a utilização da infraestrutura de dutos já existente no transporte de gás natural, por meio de um aditivo ao memorando de entendimento assinado em 2007. A medida, segundo os técnicos, beneficiará o mercado consumidor brasileiro.
A medida foi elogiada, em uma nota conjunta, por representantes do setor, como grandes consumidores de energia e indústrias química e de vidro. Para os usuários, será possível buscar nova oferta de gás natural boliviano sem a participação da Petrobras.
“A partir das conversas realizadas já será possível iniciar rodadas de negociação para contratação de gás boliviano e argentino sem a participação da Petrobras, o que será fundamental para aumentar a concorrência no mercado de gás, possibilitando maior liquidez, ajudando, inclusive a viabilização do gás natural vindo do pré-sal”.