GUERRA NA UCRÂNIA

Otan começa a enviar aviões F-16 à Ucrânia

Os aviões, oriundos da Dinamarca e da Holanda, vão garantir que a Ucrânia possa continuar a se defender contra a agressão russa

Casa destruída após um ataque russo no centro de Vilniansk, região de Zaporizhzhia, na Ucrânia - Serviço de imprensa do Ministério de Assuntos Internos da Ucrânia / AFP

Os países-membros da Otan anunciaram nesta quarta-feira (10) que começaram a enviar caças F-16 para a Ucrânia, durante uma cúpula histórica em Washington.

Os aviões, oriundos da Dinamarca e da Holanda, "estarão voando nos céus ucranianos neste verão para garantir que a Ucrânia possa continuar a se defender efetivamente contra a agressão russa", disse o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken.

A Casa Branca disse que a Bélgica e a Noruega prometeram fornecer equipamentos adicionais.

A Ucrânia quer receber um convite formal para ingressar na Otan, mas terá que esperar diante da oposição de vários países, incluindo os Estados Unidos.

Mas, de acordo com fontes diplomáticas, os membros da aliançar militar concordaram nesta quarta-feira que a Ucrânia está em um "caminho irreversível" para a adesão à Otan, em uma declaração final que ainda precisa ser formalmente adotada pelos líderes do tratado.

Depois de comemorar o 75º aniversário da aliança militar ocidental com grande alarde na terça-feira, eles se reunirão no Conselho do Atlântico Norte para discutir as modalidades de apoio adicional à Ucrânia, alvo de bombardeios russos cada vez mais intensos.

O presidente dos EUA, Joe Biden, confirmou na noite de terça-feira que os aliados fornecerão à Ucrânia um total de cinco sistemas de defesa aérea, incluindo quatro baterias Patriot, mísseis terra-ar que são particularmente eficazes na interceptação de mísseis balísticos russos.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que está em Washington, solicita esses sistemas há meses.

Na terça-feira, ele agradeceu a seus aliados pela "forte declaração" de apoio e pediu que não baixassem a guarda enquanto aguardam os resultados das eleições de novembro nos Estados Unidos.

Alemanha, Holanda, Romênia e Itália também contribuirão.

"É hora de sair das sombras, tomar decisões firmes, trabalhar, agir e não esperar por novembro ou qualquer outro mês", disse o líder ucraniano em um discurso para o Instituto Ronald Reagan, em Washington.

"A Rússia não vencerá", prometeu com veemência o presidente dos EUA, de 81 anos, em um discurso há muito aguardado na cerimônia de abertura da cúpula na terça-feira, buscando dissipar as dúvidas dos democratas sobre sua capacidade de ser reeleito nas eleições de novembro.

A Rússia intensificou seus ataques com mísseis contra a Ucrânia, matando 43 pessoas e devastando o maior hospital infantil do país em Kiev nesta semana.

Além disso, os mísseis russos destruíram metade da capacidade energética ucraniana.

Os aliados também se comprometeram a fornecer mais mísseis Patriot ou equivalentes "neste ano" e "dezenas" de sistemas táticos de defesa aérea "nos próximos meses", de acordo com o presidente dos EUA.

A sombra de Trump 
Mais de dois anos depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que "não há opções gratuitas com uma Rússia agressiva como vizinha" e lembrou que "o maior custo e o maior risco seria a Rússia vencer na Ucrânia".

O discurso foi feito na cerimônia de aniversário no Auditório Andrew W. Mellon, onde o Tratado do Atlântico foi assinado há 75 anos, fundando a organização com o mesmo nome.

Os chefes de Estado e de Governo chegaram na terça-feira à capital americana, com exceção do presidente francês, Emmanuel Macron, que chegará nesta quarta.

A cúpula de Washington acontece em um clima de incerteza política nos Estados Unidos, onde Biden tenta reprimir uma rebelião de congressistas democratas que lhe pedem que abandone a corrida para um segundo mandato contra Donald Trump.

A sombra do ex-presidente republicano paira sobre a cúpula, cujas declarações sobre a Otan parecem enfraquecer o princípio de assistência mútua previsto no Artigo 5º do Tratado.

"Espero que, seja qual for o resultado da eleição, os Estados Unidos continuem sendo um aliado forte e leal da Otan", disse Stoltenberg na quarta-feira.

Trump não hesitou em afirmar em sua rede Truth Social que sem ele "a Otan provavelmente não existiria mais", referindo-se ao fato de durante o seu mandato ter pressionado os países membros a gastarem mais em defesa.

À noite os dirigentes participarão de um jantar, no qual estarão também os ministros das Relações Exteriores e da Defesa dos países da Otan.

O presidente ucraniano se reunirá com congressistas antes de participar de um Conselho Otan-Ucrânia na quinta-feira, último dia da cúpula.