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Estuprada e agredida, vítima de jogadores franceses de rugby sofreu "violência feroz", diz advogada

Defesa alega que o encontro "teria sido consensual"; acusados podem pegar até 20 anos de prisão se condenados

Hugo Auradou e Oscar Jegou - Reprodução/Redes Sociais

Os dois jogadores da seleção francesa de rugby detidos na Argentina, Hugo Auradou, de 20 anos, e Oscar Jegou, de 21, violaram e espancaram com "violência feroz" sua suposta vítima, disse a advogada queixosa Natacha Romano na quarta-feira à AFP.

Ambos foram detidos na segunda-feira em Buenos Aires, dois dias após se enfrentarem em um test match contra a Argentina em Mendoza (oeste), e ainda devem se apresentar à procuradoria dessa província.

Lá, podem ser acusados e enfrentam, se forem considerados culpados, até 20 anos de prisão.

Por outro lado, a defesa dos acusados alega que o encontro "teria sido consensual", bem como que, segundo testemunhas e imagens de câmeras de segurança, "não se percebem os golpes" que a mulher denunciou.

Estas são as respostas da advogada da vítima às perguntas da AFP:

Como foram os supostos fatos?
Começaram por volta das 04h30 em uma boate de Mendoza.

A vítima se desloca com um dos denunciados ao hotel, identificado como Hugo. Eles entram no quarto e ela percebe que o convite para tomar algo era um engano.

Quando percebe essa situação, pede para ir ao banheiro e o sujeito percebe que ela queria escapar. Ele a agarra, a joga na cama, começa a despir e a espanca violentamente com socos que são visíveis e podem ser notados no rosto da vítima com um hematoma.

Ele a asfixia a ponto de ela sentir que está desmaiando e, uma vez que não consegue mais se defender e não há chance de sair daquela situação, é abusada sexualmente por essa primeira pessoa.

Uma hora depois, entra no quarto o segundo participante, chamado Oscar, e de forma selvagem começa com os mesmos atos de violência e abuso sexual. Depois esse sujeito vai tomar banho e Hugo continua abusando dela e espancando-a.

Ela tem marcas nas costas, mordidas, arranhões, golpes nos seios, nas pernas, nas costelas.

Ela tenta escapar pelo menos cinco vezes, mas Hugo acordava e a acessava novamente. Isso aconteceu três ou quatro vezes até que ele adormeceu. Ele até urinou nela, e só às 08h30 ela conseguiu sair daquela situação e fugir do hotel.

Que delitos são tipificados?
A tipificação é definida pelo promotor. Está em investigação penal preparatória. Por enquanto, o caso está classificado como abuso sexual, mas há uma grande possibilidade de que isso se transforme em concurso real com outros delitos.

Há uma privação de liberdade por não ter permitido que ela saísse quando solicitou. A violência de gênero é extrema, a denigração é extrema.

O principal delito e o mais grave é o abuso, mas a violência foi feroz, não há um único delito a ser investigado.

(O delito é) abuso sexual gravemente ultrajante com penetração carnal, participação de duas pessoas e uso de violência.

Um deles a ultrajou repetidamente, que seria Hugo, pelo menos seis vezes, e o outro sujeito uma vez sem qualquer proteção.

O que se pode saber sobre a vítima?
No início, mencionavam que era uma jovem que buscava sorte em uma boate ao estar com a seleção. Mas não, é uma mulher de 39 anos, filha e irmã de advogados, uma mulher de boa honra.

Existem provas de que não foi consensual, como diz a defesa?
As provas que o promotor considerou para emitir a ordem de captura com tanta celeridade são as provas do corpo da vítima.

Se houver acusação, solicitará prisão preventiva?
Sim. Há falta de raízes, aqui eles não têm constituído na Argentina, muito menos em Mendoza, um domicílio real.

Se o advogado for constituir um domicílio legal, possivelmente há risco na investigação e aqui na Argentina temos um princípio chamado princípio de territorialidade. Com as características do caso e o fato de que há provas pendentes de produção, e que ainda faltam incorporar muitos elementos, eles têm que ficar aqui.

O que a impactou ao ver a vítima?
O primeiro impacto que tive foi ver uma mulher denegrida, devastada, inclusive com vergonha. Foi muito importante o apoio para fazê-la entender que a única maneira de encontrar consolo é com a Justiça.