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De volta aos 128 mil, Ibovespa tem mais longa série de ganhos desde 2018

Mesmo na contracorrente do dólar nesta quinta-feira - em avanço de 0,55%, a R$ 5,4426 -, o índice registrou também a maior alta da série iniciada em 1º de julho

Ibovespa - Nelson Almeida/AFP

O Ibovespa segue invicto desde o começo de julho, chegando ao nono ganho consecutivo, o que iguala em extensão a sequência entre 14 e 26 de fevereiro de 2018.

Mesmo na contracorrente do dólar nesta quinta-feira - em avanço de 0,55%, a R$ 5,4426 -, o índice registrou também a maior alta da série iniciada em 1º de julho.

Hoje, subiu 0,85%, a 128.293,61 pontos, entre mínima de 127.220,95, da abertura, e máxima de 128.326,23, do fim da tarde O giro foi de R$ 19,8 bilhões.

Na semana, o índice avança 1,60%, limitando a perda no ano a 4,39%. Desde 1º de julho, a recuperação se aproxima de 4,4 mil pontos, ou 3,54%, em relação ao fechamento de junho.

Nesta quinta-feira, Vale seguiu em baixa (ON -0,26%), mas o dia foi de retomada para outros nomes do setor metálico, como Gerdau (PN +1,34%) e CSN (ON +1,63%).

Petrobras fechou em alta de 0,83% (ON) e de 0,68% (PN), em sessão ao fim majoritariamente positiva para os grandes bancos, à exceção de BB (ON -0,49%) e de Bradesco PN, sem variação no fechamento.

No lado oposto, destaque para o avanço de 3,25% em Santander Unit, na máxima do dia no encerramento.

Na ponta ganhadora, TIM (+4,10%), Rumo (+3,40%) e Braskem (+3,27%). Na fila contrária, Transmissão Paulista (-1,53%), Alpargatas (-1,48%) e Hypera (-1,44%).

Mesmo na contramão do câmbio, o Ibovespa foi embalado desde a manhã pela leitura abaixo do esperado para a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em junho, o que determinou o sinal positivo do índice da B3 desde a abertura, agora aos 128 mil e no maior nível de fechamento desde 14 de maio, então aos 128 515,49.

Para John Kerschner, gerente de portfólio na Janus Henderson, "considerando que faltam menos de três semanas para a próxima reunião do Federal Reserve, o mercado está atualmente precificando que o Fed pulará essa reunião e fará seu primeiro corte de juros em setembro".

"A chance de corte em setembro está mais próxima de 100%, de acordo com o mercado. Talvez mais importante, o mercado agora está esperando três cortes até o fim de janeiro de 2025", acrescenta o gestor, em nota.

Ele observa também que o presidente do Fed, Jerome Powell, disse recentemente que os riscos para a inflação estão mais "equilibrados", e que os dados do CPI divulgados hoje - com retração na margem de 0,1% em junho, e alta de apenas 0,1% no núcleo de preços na mesma base de comparação, ambos abaixo do consenso - reforçam essa visão.

"Talvez agora inclinem a balança para preocupações com uma desaceleração mais acentuada na economia dos EUA."

"O dado do CPI inflação ao consumidor veio em linha com a tese de corte de juros pelo Federal Reserve em setembro, algo bom para ativos de risco - mas essa percepção já vinha sendo precificada nos ativos", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, destacando que a curva de juros nos Estados Unidos continua a devolver prêmio, o que se reflete também no índice DXY, que contrapõe o dólar a uma cesta de moedas de referência, entre as quais euro, iene e libra.

"A bolsa de Nova York se acomodou um pouco hoje S&P 500 -0,88%, Nasdaq -1,95%, vindo ontem de máximas históricas tanto no S&P 500 como no Nasdaq, em ajuste natural na sessão. Aqui, o Ibovespa recuperou os 128 mil pontos, que haviam sido perdidos já há algum tempo, tendo os ativos brasileiros sido muito afetados desde o começo do ano com a redução da expectativa que se tinha no fim de 2023 com relação ao número de cortes de juros pelo Fed em 2024", acrescenta o analista.

No cenário doméstico, apesar de progressos como o avanço da regulamentação da reforma tributária na Câmara, a "equipe econômica ainda tem um milhão de batalhas pela frente", ressalva Spiess, em referência à relativa melhora da percepção de risco doméstico desde o começo do mês.

"O mercado vem em recuperação expressiva nas duas últimas semanas, e o filme segue o script esperado, com a afirmação do compromisso do governo com o corte de gastos e o arcabouço fiscal. Estudos estão em andamento na Fazenda para corte de despesas, o que acalma o mercado e se reflete na precificação das ações, em retomada", diz Felipe Moura, analista da Finacap. "Se houver continuidade na agenda macro, com os cortes saindo do papel, a tendência é de que esse movimento de recuperação dos preços dos ativos se mantenha", acrescenta.

Além da aprovação, ontem à noite, do primeiro texto da regulamentação da reforma tributária pela Câmara, que contribui para a recuperação do humor, dados do IBGE trouxeram hoje crescimento de 1,2% nas vendas do varejo, acima do esperado para maio ante abril, destaca Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital.

A leitura deu impulso, na sessão, às ações de empresas do setor de varejo, "ativos que são também muito sensíveis ao cenário de juros", acrescenta o especialista. Assim, o índice de consumo (ICON) fechou o dia em alta de 1,40%, andando à frente do de materiais básicos (IMAT +0,86%), mais correlacionado a preços e demanda externa.