IMUNIZAÇÃO

Vacinação infantil no mundo está estagnada desde a pandemia, alerta ONU

Antes da pandemia, taxa da vacinação infantil era de 86%

Vacinação infantil - Marcelo Camargo/Agência Brasil

As taxas de vacinação infantil no mundo estão estagnadas e ainda não recuperaram os níveis anteriores à pandemia de Covid-19, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira (15).

Em comparação com o nível de 2019, mais 2,7 milhões de crianças não foram vacinadas ou foram vacinadas de forma incompleta em 2023, de acordo com uma declaração conjunta do Unicef e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

"Os últimos números demonstram que muitos países continuam desas existindo muitas crianças", lamentou a diretora-executiva do Unicef, Catherine Russell.

Em 2023, 84% das crianças, ou seja, 108 milhões, receberam três doses da vacina contra a difteria, tétano e coqueluche (DTaP), sendo a terceira dose um indicador crucial da cobertura mundial de vacinação, segundo dados publicados pelas agências de saúde e de infância da ONU.

Essa porcentagem não mudou desde o ano passado, o que significa que os modestos avanços observados em 2022, depois da forte queda devido ao Covid-19, foram acelerados, apontando as organizações.

A taxa era de 86% em 2019, antes da pandemia.

"Estamos atrasados", disse à imprensa Kate O'Brien, responsável pela vacinação na OMS.

Em 2023, 14,5 milhões de crianças no mundo eram consideradas "dose zero", ou seja, não recebiam nenhuma dose da vacina, um número em aumento desde os 13,9 milhões em 2022 e os 12,8 milhões em 2019, segundo os dados publicados nesta segunda.

Metade das crianças não vacinadas no mundo vivem em 31 países afetados por conflitos.

6,5 milhões de crianças no mundo não receberam sua terceira dose da vacina DTAP, necessária para garantir a proteção contra doenças em lactantes e crianças pequenas.

Essas disparidades na cobertura da vacinação favorecem o desenvolvimento de algumas doenças como o sarampo.

"Os surtos de sarampo são um sinal de alerta, que revelam lacunas existentes na vacinação e afetam os mais vulneráveis", disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no comunicado.

Em 2023, 83% das crianças no mundo receberam sua primeira dose da vacina contra o sarampo através dos serviços de saúde básicos, o mesmo nível que em 2022, mas ainda abaixo dos 86% antes da pandemia.

Mais de 300 mil casos de sarampo foram registrados em 2023, quase três vezes mais que no ano anterior, destacou Ephrem Lemango, responsável pela vacinação no Unicef.

Pelo menos 103 países experimentaram surtos nos últimos cinco anos.

No entanto, 91 países, com uma sólida cobertura de vacinação contra o sarampo, não experimentaram nenhum.