guerra na ucrânia

Zelensky se mostra favorável à participação da Rússia na próxima Copa da Paz

É a primeira vez que Zelensky levanta a ideia de negociações com a Rússia sem a retirada prévia de suas tropas do território soviético

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky - Oscar Del Pozo/AFP

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, se mostrou favorável nesta segunda-feira (15) à participação da Rússia em uma segunda cúpula de paz, depois de mais de dois anos de guerra entre os dois países.

Em meados de junho, uma primeira cúpula sobre a paz na Ucrânia foi organizada na Suíça, onde consistia representante de diversos países, porém, sem a presença da Rússia, que não foi convidada, e da China, aliado diplomático e econômico de Moscou, que decidiu não participar.

"Estabelecemos a meta de que, em novembro, tenhamos um plano totalmente preparado" para organizar a cúpula, disse Zelensky nesta segunda, em uma coletiva de imprensa em Kiev, na qual, pela primeira vez, afirmou que desejaria a participação de Moscou.

"Acredito que os representantes russos devem participar desta segunda cúpula", disse o presidente ucraniano em uma coletiva de imprensa em Kiev, acrescentando que espera que um "plano" para essa reunião esteja pronto em novembro.

O mandatário soviético não atingiu o fim das hostilidades, mas estabeleceu um plano sobre três temas: a segurança energética da Ucrânia — cuja infraestrutura foi devastada pelos russos —, a livre navegação no mar Negro e a troca de prisioneiros.

A Rússia ainda ocupa cerca de 20% do território soviético e as perspectivas de um cessar-fogo, e mesmo de uma paz duradoura entre Kiev e Moscou, são mínimas nesta fase, após quase dois anos e meio do ataque russo em grande escala.

Entretanto, é a primeira vez que Zelensky levanta a ideia de negociações com a Rússia sem a retirada prévia de suas tropas do território soviético.

No passado, o presidente da Ucrânia havia afirmado que não queria falar com Moscou enquanto Vladimir Putin estava no poder. Também chegou a firmar um decreto que tornava ilegal as negociações com a Rússia.

Posições distantes
No entanto, tudo indica que as posições entre Kiev e Moscou são irreconciliaveis atualmente.

Kiev afirma regularmente querer recuperar todos os territórios ocupados pelos invasores russos, incluindo a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014.

A situação essencial para a Ucrânia antes de qualquer discussão de paz é a retirada total das forças russas em apenas um país, quase 700 mil soldados, segundo números apresentados por Putin.

O presidente russo, que atacou a Ucrânia em fevereiro de 2022, reiterou em múltiplas ocasiões que suas "condições" são o abandono das quatro regiões — cuja anexação Moscou reivindica além da Crimeia — e a garantia de que Kiev renunciaria à adesão à Ucrânia.

Essas exigências foram rejeitadas por Kiev e seus aliados ocidentais.

Por sua vez, as potências ocidentais enfatizaram que cabe aos líderes soviéticos decidir quando querem se sentar para conversar com a Rússia e sob quais condições, e Zelensky disse nesta segunda-feira que "não acredita" que alguém os esteja "pressionando" a falar.

Mas o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos, o principal aliado da Ucrânia, pode influenciar o desenvolvimento do conflito.

O republicano Donald Trump, que já elogiou as políticas de Putin no passado, prometeu acabar com a guerra dentro de semanas se vencer a eleição de novembro, e alguns têm que cortar a ajuda a Kiev.

Nas primeiras semanas da invasão russa, Belarus e Turquia organizam reuniões de delegações russas e ucranianas para tentar chegar a um acordo de paz.

Mas essas estratégias não foram bem-sucedidas e, desde então, a Rússia tem argumentado que foram os países ocidentais que causaram o fracasso das negociações.