Prazo para acordo do União com Nunes se esgota, e impasse sobre apoio persiste
Com o fim do prazo, o destino do partido na eleição para a capital paulista permanece indefinido até a convenção do partido
O prazo de dez dias estipulado pelo vereador Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara Municipal de São Paulo, para que seu partido obtivesse um acordo com o grupo político do prefeito Ricardo Nunes (MDB) terminou neste domingo, 14, sem uma definição. Segundo Leite, "a análise da coalizão continua em andamento".
No último dia 4, o presidente da Câmara paulistana afirmou à Coluna do Estadão que o relacionamento com Nunes estava "uma m..." e que, diante do impasse, um "desembarque" da aliança com Nunes poderia ser consumado.
Com o fim do prazo, o destino do União Brasil na eleição para a capital paulista permanece indefinido até a convenção do partido, marcada para este sábado, 20.
Nesta segunda-feira, 15, em sabatina promovida pelo site UOL e pelo jornal Folha de S. Paulo, Ricardo Nunes disse ter ficado surpreso com a possibilidade de o União apoiar outra candidatura.
"Não tive por parte do Milton Leite nenhum pedido para tratar de algum problema que ele teria apresentado. Fiquei surpreso de ver isso pela imprensa", disse.
À Coluna, no dia 4, Milton Leite afirmou: "Por enquanto estamos fechados com o (Ricardo) Nunes, mas a relação está uma m .. Ele não me atende, o que alimenta a insatisfação. Estamos a meio caminho do desembarque. Se ele não resolver a situação, deixar claro o espaço para o União Brasil no seu governo, vamos convocar os líderes e partir para um lugar onde a gente possa implementar nossa política".
Em um cenário de ruptura entre Nunes e o União Brasil, um destino cotado para a sigla é a aliança com o empresário Pablo Marçal, do PRTB. Como mostrou a Coluna, Marçal jantou com caciques do partido na semana passada, incluindo Antônio Rueda, presidente nacional da legenda.
O pré-candidato ofereceu a indicação a vice na sua chapa em troca do apoio a uma eventual candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, à Presidência da República, em 2026.
Marçal admite a possibilidade de acordo e afirma que o anúncio ainda não foi formalizado pois a legenda de Milton Leite está "cobrando caro" pelo apoio, exigindo a sua "alma".
"O União provavelmente vai andar com a gente. Só não selou ainda porque está caro demais o pedido deles", disse o influenciador durante sabatina promovida pelo site UOL e pelo jornal Folha de S. Paulo no último dia 10. "O que eles estão me pedindo é caro para mim. É a minha alma e eu não quero entregar isso", disse.
Interlocutores do União Brasil ouvidos pelo Estadão afirmam que, nos bastidores, há a previsão de que as tratativas sigam até a realização da convenção partidária, marcada para sábado. As chances de um acordo com Ricardo Nunes não foram descartadas.
Os aliados do prefeito da capital paulista, por outro lado, avaliam que a mais recente pesquisa de intenção de votos do Datafolha anulou o efeito "faca no pescoço" da ameaça de Milton Leite.
Os resultados obtidos por Nunes no levantamento indicam estofo para que o mandatário siga com a campanha eleitoral de modo alheio ao apoio do União Brasil.
No principal cenário de pesquisa estimulada do Datafolha, Nunes tem 24% e Boulos, 23%. Em um segundo panorama de candidaturas, sem as presenças de José Luiz Datena (PSDB) e Kim Kataguiri (União Brasil), Nunes vai a 26% e Boulos, a 25%.
Em ambos os casos, apesar da vantagem numérica do prefeito, eles estão em empate técnico, dentro da margem de erro do levantamento.