Futebol

Sede da próxima Copa do Mundo, Estados Unidos tem balanço negativo após evento-teste

Incidentes registrados na final da Copa América foram apenas a ponta do iceberg de preocupações para o próximo mundial

Torcedores foram presos antes da final da Copa América, em Miami, no último domingo (14) - JUAN MABROMATA/AFP

Os Estados Unidos, como a maior potência econômica do planeta, são sempre referências na realização de eventos de grande porte. No entanto, os problemas que cercaram a final da Copa América 2024, no último domingo (14), apesar de surpreendentes, não foram fatos isolados.

Nesta segunda-feira (15), a Conmebol se pronunciou lamentando o ocorrido e atribuindo às centenas de torcedores que tentaram entrar sem ingressos no Hard Rock Stadium, palco da final em Miami, como o principal motivo para os tumultos e atraso no início da partida.

“Diante dessa situação, a CONMEBOL ficou sujeita às decisões tomadas pelas autoridades do Hard Rock Stadium, de acordo com as responsabilidades contratuais estabelecidas para a operação de segurança. Além das disposições determinadas nesse contrato, a CONMEBOLL recomendou a essas autoridades os procedimentos comprovados em eventos dessa magnitude, que NÃO foram levados em consideração”, admitiu a entidade que rege o futebol sul-americano.



Um desses procedimentos que não foram colocados em prática foi o perímetro de segurança, onde são instaladas barreiras ao redor do estádio que proíbe o acesso de pessoas sem ingressos, evitando, desta forma, aglomerações mal intencionadas nos portões.

“Vão morrer pessoas”, gritava uma torcedora argentina segurando sua filha pela mão. “Nos trataram como animais, é preciso fazer alguma coisa. Gastamos uma fortuna para vir aqui e sermos tratados como animais. Se não conseguem organizar um evento desta grandiosidade, que não organizem”, relatou indignada.

O resultado desta falha grave de segurança foi um verdadeiro show de horrores: tumultos, agressões, crianças e mulheres sendo esmagadas, protestos por parte de torcedores e centenas de pessoas entrando sem ingressos, pulando os muros e até através dos tubos do sistema de ventilação do estádio.

 



A verdade é que o torneio estava imerso em polêmicas antes mesmo da bola começar a rolar, quando o que preocupava atletas e treinadores era as dimensões dos gramados. Os estádios escolhidos para as partidas foram construídos tendo o futebol americano como produto final e, portanto, os 32 jogos do campeonato foram disputados em campos com até 740 metros quadrados a menos do que os recomendados pela FIFA.

Este fator foi motivo de reclamações principalmente dos jogadores e técnico da Seleção Brasileira, mas que também foram seguidas por reclamações pelos treinadores das principais seleções, como Lionel Scaloni, técnico campeão com a Argentina, e Marcelo Bielsa, comandante do Uruguai, algoz dos brasileiros nesta edição.

 



Por fim e tão grave quanto, está a indiferença da população como um todo para com o torneio. Não é novidade que o futebol com os pés não é tão popular para os norte-americanos, que se dedicam muito mais ao futebol com as mãos (americano), basquete e até mesmo o beisebol. Durante o torneio, foram muitos os jogos em que muitos lugares estiveram vazios.

Poucos moradores sabiam ou lembravam que a competição estava acontecendo no país. Tirando os locais da partida, nenhuma ativação de marca da Copa América ou da Conmebol nos pontos turísticos. Absolutamente, nada. As 14 cidades-sedes viveram seus dias normalmente, como se nada de diferente estivesse acontecendo.

Segurança, qualidade técnica e hospitalidade são pilares essenciais que a FIFA “vende” junto com a Copa do Mundo. A próxima edição acontecerá nos Estados Unidos dentro de dois anos. A Copa América foi um sinal de alerta que, não, os norte-americanos ainda não estão preparados para o maior evento de futebol do planeta.