Haddad diz que ainda não apresentou proposta de bloqueio de gastos a Lula
Segundo Haddad, governo ainda deve definir o tamanho do contingenciamento
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta terça-feira que ainda não apresentou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os números do bloqueio de recursos no Orçamemento deste ano, que o governo terá que publicar até a próxima segunda-feira.
Segundo Haddad, a equipe econômica do governo ainda não se reuniu com o presidente Lula para discutir o bloqueio de recursos.
— Não houve reunião com o presidente sobre (Orçamento) 2024 ainda. A reunião que nós fizemos duas semanas atrás com o presidente foi sobre Orçamento de 2025 (...) nós não levamos um número para ele — afirmou o ministro à jornalistas na saída do ministério da Fazenda.
Segundo o ministro, os números devem ser definidos na reunião da JEO (Junta de Execução Orçamentária), marcada para esta quinta-feira e serão divulgados na próxima segunda-feira , com o Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 3º bimestre de 2024.
Questionado, Haddad disse que é possível que seja feito um contingenciamento ainda neste ano
— Possivelmente, tanto bloqueio, que se alguma despesa superar os 2,5% [de limite de crescimento real], (...) e contingenciamento, no caso de receita [frustrada].
Pacote de ajustes
O bloqueio de verbas faz parte de um pacote de medidas do governo para alcançar o equilíbrio das contas públicas e atingir a meta fiscal desse ano e de 2025, que são de déficit zero. No início do mês, Haddad também afirmou que Lula utorizou a redução de despesas de R$ 25,9 bilhões de programas dos ministérios com um pente-fino para fechar as contas públicas de 2025, mas não deu muitos detalhes de como e onde serão feitos os cortes.
As falas de Haddad aconteceram após a divulgação de uma entrevista do presidente Lula à TV Record. Na ocasião, Lula foi questionado se estaria disposto a bloquear um valor entre R$ 15 bilhões a R$ 20 bilhões para manter a credibilidade do arcabouço fiscal e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
— Primeiro eu tenho que estar convencido se há a necessidade ou não de cortar. Você sabe que eu tenho uma divergência histórica, divergência de conceito com o pessoal do mercado. Nem tudo o que eles tratam como gasto, eu trato como gasto — respondeu o presidente.
Em outro trecho da entrevista, Lula afirmou que a meta fiscal é "questão de visão" e que não é obrigado a cumprir o estabelecido se tiver coisas "mais importantes para fazer". O presidente afirmou ainda que o país não terá problema caso o déficit não seja zero, meta estabelecida para 2024 e 2025.
Haddad, por sua vez, afirmou que as declafrações de Lula foram tiradas de contexto.
— O problema é que quando você solta uma frase descontextualizada, você gera desnecessariamente uma especulação em torno do assunto.