Pastor diz que autismo é "visita do diabo no ventre das desprotegidas" e gera revolta na internet
Discurso sobre autistas ocorreu em um culto da Assembleia de Deus de Tucuruí, no Pará
Um pastor da Assembleia de Deus foi alvo de críticas nas redes sociais após afirmar que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é resultado de uma "visita do diabo no ventre" da mãe durante a gravidez.
O discurso ocorreu em um culto de comemoração aos 90 anos da Assembleia de Deus da cidade de Tucuruí, no estado do Pará.
No vídeo, gravado na sexta-feira (12) e que circula na internet, o pastor Washington Almeida prega para várias pessoas e afirma que "o diabo está visitando o ventre das desprotegidas".
"De cada 100 crianças que nascem, nós temos um percentual gigantesco de pessoas e ventres manipulados visitados pela escuridão, que distorce ainda no ventre", iniciou o pastor.
Na sequência, ele afirma: "As crianças, hoje, de cada 100, nós temos quase que 30% de autistas em vários graus. O diabo está visitando o ventre das desprotegidas, daqueles que não têm a graça, a habilidade, a instrumentalidade para saber lidar no mundo espiritual. E ele só procura os vulneráveis, os desassistidos", disse Washington Almeida.
Nas redes sociais, muitos usuários apontaram que, além de preconceituosas e capacitistas, as declarações do pastor propagam desinformação.
"É preciso uma reparação, ou mesmo uma contestação no mesmo local. Em púlpito dessa igreja, um especialista fundamentado contra-argumentar essa fala, não deixando dúvida", pede o usuário da plataforma X, José Braz.
Pedido de desculpa
Após repercussão, o pastor Washington publicou, na noite dessa terça-feira (16), um vídeo em que pede desculpas pelas falas.
"Fui muito infeliz quando fiz uma colocação e esse não é o meu caráter, meu perfil. Jamais no meu coração passam coisas dessa natureza. Naquele calor da mensagem, falei algo que não podia dizer, não devia falar", disse o pastor.
Informações sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
Segundo o Ministério da Saúde, o TEA é um distúrbio caracterizado pela alteração das funções do neurodesenvolvimento, que podem englobar alterações da comunicação, interação social e do comportamento.
Ainda de acordo com a pasta, evidências científicas apontam que não há uma causa única para o TEA, mas sim a interação de fatores genéticos, biológicos e ambientais.
"O TEA não tem cura, mas o diagnóstico precoce permite o desenvolvimento de práticas para estimular a independência e a promoção de qualidade de vida e acessibilidade para essas crianças", esclarece o Ministério da Saúde.