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Ex-conselheiro de Trump deixa prisão e deve estar na Convenção republicana

Após desafiar uma intimação do comitê do Congresso, Navarro, ex-conselheiro de Trump, é liberto da prisão onde ficou por quatro meses

Peter Navarro, ex-assessor comercial da Casa Branca do ex-presidente Donald Trump - Andrew Caballero-Reynolds/AFP

O ex-conselheiro de Donald Trump, Peter Navarro, foi liberto de uma prisão federal de Miami nesta quarta-feira, após cumprir a sentença de quatro meses por desafiar uma intimação do comitê do Congresso, em 6 de janeiro.

Navarro deve viajar ainda hoje para Milwaukee para comparecer à Convenção Nacional Republicana, onde seu ex-chefe foi formalmente indicado como candidato presidencial do Partido Republicano para 2024.

Ele é dos dois membros do círculo de Trump que foram condenados por não cumprirem as intimações do agora extinto Comitê Seleto da Câmara, que investigou o ataque ao Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021.

Durante seu tempo no presídio, Navarro, que já está na casa dos 70 anos, trabalhou como funcionário da biblioteca jurídica, disse seu consultor de prisão Sam Mangel à CNN.

"Todo mundo tem que trabalhar. Isso lhe deu a chance de escrever" disse Mangel à CNN, acrescentando que Navarro era querido e respeitado por seus companheiros de prisão.

Quando os legisladores exigiram a participação de Navarro em sua investigação sobre os esquemas de subversão eleitoral de Trump, eles apontaram para relatos que direcionaram o ex-conselheiro como envolvido em esforços para atrasar a certificação do Congresso dos resultados presidenciais de 2020. O seu livro de memórias, que descrevia as tramas relacionadas às eleições, também foi apontado.

Assim, um júri federal considerou Navarro culpado no verão passado por duas acusações de desacato: por não ter apresentado documentos e não ter comparecido a uma entrevista que o comitê havia exigido.

Antes do julgamento, Navarro tentou argumentar para o júri que estava agindo sob a direção de Trump, que havia invocado o privilégio executivo, quando se recusou a cumprir a intimação. O juiz, no entanto, não lhe deu a chance de apresentar essa defesa, pois concluiu que o ex-assessor da Casa Branca não havia apresentado provas suficientes de que Trump havia declarado formalmente o privilégio.

Embora Navarro não tenha sido bem-sucedido em um recurso de emergência para adiar sua sentença de prisão, agora ele está recorrendo de sua condenação quanto aos méritos.

A Instituição Correcional Federal (FCI, em inglês) em Miami, onde Navarro vive desde março, é um dos campos de prisioneiros mais antigos do país, abrigando menos de 200 detentos em sua infraestrutura envelhecida, com uma grande população porto-riquenha.

Quem é Peter Navarro?
Peter Navarro, economista formado em Harvard e crítico ferrenho da China, serviu como consultor comercial de Trump antes de voltar o seu foco para a resposta à pandemia. Após as eleições de 2020, no entanto, ele explorou cada vez mais formas de subverter o resultado da corrida e manter o republicano no poder.

Steve Bannon, um dos mentores da campanha presidencial de 2016 e da vitória de Trump, foi condenado pelas mesmas acusações que Navarro e sentenciado a quatro meses de prisão, mas foi solto enquanto recorria da decisão.

Juntos, Navarro e Bannon elaboraram o plano conhecido como Green Bay Sweep. De acordo com a estratégia, tentariam atrasar a certificação das eleições, persuadindo os legisladores republicanos a contestar repetidamente os resultados em vários estados indecisos e a pressionar o antigo vice-presidente Mike Pence para desacreditar o resultado.

Navarro também lançou dúvidas sobre os resultados da corrida eleitoral, compilando casos de supostas irregularidades e emitindo um relatório de três partes alegando fraude eleitoral como parte do que descreveu como um “engano imaculado”.

Esses esforços acabaram atraindo a atenção da comissão da Câmara, que pediu documentos e depoimentos do ex-assessor. Ele rejeitou repetidamente esses pedidos. Depois de votar para considerar Navarro por desacato, a comissão encaminhou o assunto ao Departamento de Justiça, que obteve uma acusação do grande júri.