Nara Leão é interpretada por Zeze Polessa em espetáculo em cartaz no Recife
O monólogo "Nara" cumpre temporada no Teatro Luiz Mendonça, desta quinta-feira (18) até o domingo (21)
Nara Leão (1942-1989) é figura-chave na história da música popular brasileira entre as décadas de 1950 e 1980. Presente nos principais movimentos musicais do período, da Bossa Nova à Jovem Guarda, ajudou a moldar o que hoje entendemos como MPB. Essa importância é celebrada no espetáculo “Nara”, em cartaz no Teatro Luiz Mendonça desta quinta-feira (18) até domingo (21).
O fascínio não só pelo legado artístico de Nara Leão, mas também por sua personalidade livre, fez a carioca Zeze Polessa nutrir o desejo de encarná-la nos palcos. Em entrevista à Folha de Pernambuco, a atriz carioca conta que a ideia da montagem surgiu durante a pandemia, quando leu uma biografia da atriz.
“Fiquei muito encantada com a trajetória da artista e impressionado com o quão pouco eu sabia sobre a vida ela. Me peguei pensando que as outras pessoas também deveriam desconhecer essa figura que passei a dar mais importância depois que conheci”, contou Zeze.
Com texto e direção de Miguel Falabella, o monólogo é costurado por 15 canções do repertório de Nara Leão. Músicas como “A Banda” e “Marcha da Quarta-Feira de Cinza” pontuam momentos da história da cantora, uma mulher sempre à frente do seu tempo, seja artisticamente ou no que diz respeito ao comportamento.
“A música mais recente na peça é ‘Quero Que Vá Tudo Pro Inferno’, de Erasmo e Roberto Carlos, que Nara gravou em 1978. Depois disso, ela ainda gravou muitas coisas lindas, mas não caberia tudo na peça. Brinco que tinha que ter ‘Nara 2’ e ‘Nara 3’ para comportar todas as músicas e os romances que ela viveu”, disse.
Sem imitação
Abraçando uma dramaturgia poética, o espetáculo apresenta uma Nara Leão que vem de um lugar indefinido, entre o passado e o futuro, para compartilhar com o público suas memórias. O formato fora do convencional foi um aliado de Zeze em uma de suas principais preocupações: não tentar parecer uma cópia fiel da homenageada.
“A peça foi escrita de uma maneira que a Nara só volta para falar da vida dela por causa do recurso do teatro. Há esse distanciamento o tempo inteiro. É uma atriz fazendo um personagem real que ela imagina como era”, explicou Zeze, que não deixou de estudar com afinco todo o material que conseguir ter acesso sobre a cantora.
Na preparação vocal, a atriz encontrou seu jeito próprio de interpretar a eterna musa da bossa nova. “Tem toda uma suavidade que ela tinha ao falar, um jeitinho, um charme, que eu tive que fazer também. Isso começa na música e vai para o texto também. Eu sou mais agitada, minha voz é mais forte, falo mais rápido”, comparou.
Longe da TV
A passagem de “Nara” pelo Recife integra uma turnê por sete capitais brasileiras, iniciada após temporada de sucesso no Rio de Janeiro, onde a peça fez sua estreia, no início deste ano. Na TV, o último papel de Zeze Polessa foi na novela “Amor Perfeito”, em 2023. Findadas as apresentações no teatro, a atriz diz não ter pressa para voltar à telinha.
“No ano passado, eu fiz 50 anos de carreira e 70 de idade. Quis fazer essa pequena turnê que, se eu estivesse em uma novela, seria impossível. Acho que ganhei um alvará de soltura. Não tem a ver com parar de trabalhar, mas com adotar outro ritmo. Também tive pouco tempo para viver as particularidades da minha vida pessoal. Então, estou privilegiando trabalhar e viver a vida”, contou.
Serviço:
Espetáculo “Nara”
Desta quinta-feira (18) até sábado (20), às 20h, e no domingo (21), às 19h
Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu - Av. Boa Viagem, s/n, Boa Viagem)
Ingressos a partir de R$ 15, à venda pelo Sympla
Informações: (81) 3355-9821