China suspende negociação nuclear com EUA por vendas de armas a Taiwan
Em novembro, Estados Unidos e China mantiveram conversas pouco usuais sobre essa questão como parte de uma estratégia para melhorar suas relações
A China afirmou nesta quarta-feira (17) que suspende suas negociações com os Estados Unidos sobre controle e não proliferação de armas nucleares como resposta às vendas de armamento que Washington envia à ilha de Taiwan.
Em novembro, Estados Unidos e China mantiveram conversas pouco usuais sobre essa questão como parte de uma estratégia para melhorar suas relações antes de uma cúpula entre seus respectivos presidentes, Joe Biden e Xi Jinping.
Mas desde então não foram anunciadas novas negociações e, segundo um alto funcionário da Casa Branca em janeiro, a China não respondeu às suas propostas sobre "redução de riscos".
"Os Estados Unidos continuaram suas vendas de armas a Taiwan e empreenderam uma série de ações negativas que prejudicam gravemente os interesses centrais da China e minam a confiança política mútua", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian.
"Por essa razão, a China decidiu suspender negociações com os Estados Unidos sobre uma nova rodada de consultas para controle de armas e não proliferação", acrescentou.
A China considera esta ilha de governo autônomo como parte de seu território e nunca renunciou ao uso da força para tomar seu controle.
Embora em 1979 tenha mudado seu reconhecimento diplomático de Taipé para Pequim, os Estados Unidos mantêm-se como o principal apoio internacional de Taiwan e seu maior fornecedor de armas.
Em um relatório apresentado ao Congresso em outubro, o Pentágono advertiu que a China estava desenvolvendo seu arsenal nuclear mais rapidamente do que antecipado pelos Estados Unidos.
Em maio de 2023, a China dispunha de mais de 500 ogivas nucleares operacionais, segundo o Pentágono, que previu que superaria o milhar em 2030.
O Instituto de Pesquisa Internacional para a Paz de Estocolmo estima que a China possua 410 ogivas nucleares, longe das 3.700 dos Estados Unidos e das quase 4.500 da Rússia.
EUA "lamenta" decisão da China
Os Estados Unidos consideraram "lamentável" a decisão da China, segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, e indicaram que isso "sabota a estabilidade estratégica".
"Infelizmente, ao suspender essas consultas, a China escolheu não continuar os esforços que facilitariam controlar os riscos estratégicos e evitar a custosa corrida armamentista", afirmou o porta-voz, e lamentou que a China tenha "escolhido seguir o exemplo da Rússia".
Ele sublinhou que os Estados Unidos reforçaram "a defesa de nossos aliados e parceiros no Indo-Pacífico frente às ameaças chinesas que pesam sobre sua segurança".
"A China está disposta a manter a comunicação com os Estados Unidos sobre assuntos de controle internacional de armamentos com base no respeito mútuo", afirmou o porta-voz Lin Jian.
"Mas os Estados Unidos devem respeitar os interesses fundamentais da China e criar as condições necessárias para o diálogo", sublinhou.
A China denuncia regularmente as vendas de armas dos Estados Unidos à ilha e, de forma mais ampla, qualquer ação americana que dê a Taiwan alguma legitimidade internacional.
Em junho, os Estados Unidos aprovaram duas vendas de material militar a Taiwan, no valor total de cerca de US$ 300 milhões (R$ 1,64 bilhão).