"Família é Tudo", na Globo, perde o rumo da história e desperdiça talentos
Novela da faixa das sete na TV Globo começou promissora, mas está se perdendo na monotonia
Feita na medida para a faixa das sete, “Família é Tudo” teve um início promissor ao reunir diversas referências históricas do horário de forma leve e moderna.
A azeitada parceria entre o autor Daniel Ortiz e o diretor Fred Mayrink se refletiu na inspirada escalação de atores e boas soluções cênicas para sequências importantes, que ajudaram a sedimentar a produção e recolocar a audiência nos trilhos.
Em seu quarto mês de exibição e com grande parte de seu enredo já desenvolvido, “Família é Tudo” está a ponto de colocar todo esse esforço a perder.
No momento em que o público deveria estar torcendo para o deslanche das histórias principais, o enredo insiste em se repetir exaustivamente, desperdiçando o talento de seu bom elenco e causando um natural desinteresse da audiência.
O start
É natural que os primeiros capítulos de uma novela sejam idealizados e realizados com mais afinco.
Afinal, é o cartão de visitas da produção de “Família é Tudo” e, atualmente, uma trama que não conquista o público de cara dificilmente vai ter uma segunda chance diante da infinidade de títulos disponíveis on demand, nos canais pagos e na própria tevê aberta.
Com efeitos visuais caprichados e boa direção de atores, Mayrink parecia ter encontrado o próprio equilíbrio entre estética e funcionalidade.
Porém, junto com a decadência na qualidade do texto, os capítulos mais recentes de “Família é Tudo” também demonstram uma séria queda na qualidade visual. A cena do acidente de Lupita e Guto, de Daphne Bozaski e Daniel Rangel, infelizmente, exemplifica bem o atual momento da trama.
Charme,
mas nem tanto
Mesmo em looping, os encontros e desencontros amorosos da dupla ainda são um charme do folhetim. A sequência em que eles sofrem um acidente de carro e ficam perdidos em um lugar inóspito de mata fechada, entretanto, causou vergonha.
De tão mal concebida, a cena acabou virando motivo de piada nas redes sociais e a comparação com títulos como a saga mutante “Caminhos do Coração”, da Record, e as novelas infantis do SBT foram inevitáveis.
Em um momento em que as novelas das sete lutam para se firmar diante do público e, mesmo sem agradar, tentam a todo custo se renovar e mostrar serviço, “Família é Tudo” percorre o caminho inverso.
Com a trama perdida e em rodeios, a história soa canastrona e desleixada, fazendo com que até nomes de destaque como Nathalia Dill e Juliana Paiva tenham desempenho abaixo do esperado. Indo do nada para lugar nenhum e ostentando baixa qualidade técnica, a produção surpreende por seu potencial de autossabotagem.
SERVIÇO
“Família é Tudo”, Globo, de segunda a sábado, às 19h20.