CENSO 2022

Pernambuco tem a 4ª maior taxa de analfabetismo entre quilombolas do Brasil

Um a cada quatro quilombolas não sabe ler e escrever no Estado. Índice sobe entre idosos

Taxa de analfabetismo entre quilombolas preocupa especialistas - Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A taxa de analfabetismo entre quilombolas com 15 anos ou mais é de 25,93% em Pernambuco. A parcela é maior do que o total da população geral do Estado, de 13,41%, maior do que os 18,99% da taxa nacional e também a quarta maior do Brasil. 

O recorte feito pelo Censo 2022 foi divulgado nesta sexta-feira (19), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

“Isso evidencia a existência de menores oportunidades educacionais dos quilombolas em relação à população residente no País”, destaca a coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE, Marta Antunes.

Pernambuco, onde moradores com 15 anos ou mais de 113 dos 184 municípios afirmaram serem quilombolas, fica acima no ranking nacional apenas de outras três unidades federativas: Alagoas (29,77%); Piauí (28,75%); e Ceará (26,38%). 

Confira as taxas de todos os estados:


 
A taxa de alfabetização dos quilombolas em Pernambuco:

- é de 74,07% na média geral;
- de 79,46% em territórios quilombolas;
- e de 73,58% fora desses territórios.

Segundo o IBGE, nove municípios pernambucanos têm taxa de alfabetização da população quilombola de 15 anos ou mais de 100%:

- Verdejante;
- Manari;
- Limoeiro;
- Lagoa do Ouro;
- Jaboatão dos Guararapes;
- Igarassu;
- Gravatá;
- Dormentes; e 
- Chã Grande. 

Entre os idosos com 65 anos ou mais, a taxa de alfabetização de quilombolas residentes em território quilombolas é de apenas 42,88%

Recenseador do IBGE | Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

População
Ao todo, há 78.864 quilombolas em Pernambuco, segundo os dados do Censo — é a quinta maior população do Brasil. O total é equivalente a 0,87% da população do Estado, de 9.058.931 pessoas. 

O Estado fica atrás apenas de Bahia (397.502), Maranhão (269.188), Pará (135.603) e Minas Gerais (135.315). 

A maior parcela da população quilombola se concentra na faixa etária dos 15 anos aos 19 anos, com 7.120 indivíduos.

Detalhamento da população quilombola em Pernambuco por faixas etárias | Tabela: IBGE/Divulgação

O município de Custódia, no Sertão do Moxotó de Pernambuco, tem o quarto maior total de localidades quilombolas do Brasil e maior do Estado, com 97 ocorrências. A cidade com mais localidades é Alcântara, no Maranhão, com 122.

Entre os 20 municípios com mais localidades no País, também aparece Bom Conselho, no Agreste, em 17º lugar, com 55. 

Os recortes sobre os quilombolas também mostram que:

- 29.040 domicílios particulares permanentes no Estado são ocupados por pelo menos um morador quilombola, sendo a maioria (28.670) em casas;
- desse total de domicílios, 15.914 não estão ligados à rede geral de distribuição de água;
- grande parte dos domicílios não estão ligados à rede geral de esgoto, rede pluvial ou fossa ligada à rede. 

Analfabetismo no Brasil
No Brasil, a taxa de analfabetismo entre a população quilombola é 2,7 vezes maior que a média geral. Enquanto em todo o País o índice é 7%, na população quilombola alcança 18,99%. 

A taxa quilombola representa 192,7 mil pessoas com 15 anos ou mais de idade que não sabem ler e escrever nem ao menos um bilhete simples. 

De acordo com o levantamento censitário, o país tem 1,330 milhão de pessoas quilombolas, sendo 1,015 milhão com 15 anos ou mais de idade.

Primeiro censo com dados sobre quilombolas
O Censo 2022 foi o primeiro em que o IBGE coletou informações específicas da população quilombola – descendentes de comunidades que resistiam à escravização. 

Para classificar uma pessoa como quilombola, o IBGE levou em consideração a autoidentificação dos questionados, não importando a cor de pele declarada.