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Maria Josephina Mignone, morre aos 101 anos, importante instrumentista brasileira

Musicista, Maria Josephina, era conhecida pela profícua parceria artística com o marido, o maestro Francisco Mignone, com quem formou o Duo Mignone

A pianista Maria Josephina Mignone, em 2023 - Mariza Lima/Divulgação

Morreu, na última quinta-feira (18), aos 101 anos, a pianista Maria Josephina Mignone, uma das mais importantes instrumentistas no Brasil, conhecida pela profícua parceria artística com o marido, o maestro Francisco Mignone (1897-1986), com quem formou o Duo Mignone.

A musicista estava internada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, desde o dia 29 de junho, quando sofreu uma queda em casa. A causa da morte, segundo amigos e familiares, foram complicações derivadas de uma pneumonia.

Nascida em Belém (PA), Maria Josephina costumava dizer que jamais havia saído de perto de um piano desde que descobrira o instrumento. O primeiro encontro com as teclas aconteceu cedo.

Aos 4 anos, durante uma viagem à fazenda Carnapijó, uma ilha que pertencia ao pai da criança, encantou-se com o piano antigo da avó Josephina Maria, de quem herdou o nome (invertido).

"Chegando a Belém, meu pai contratou uma professora para me dar aulas. Seu nome era Odete Nobre e pertencia a uma família de músicos, os Irmãos Nobre, conhecidos em Belém. Assim comecei a estudar", contou ela, numa entrevista à União Brasileira de Músicos (UBC), em abril de 2023.

Dali em diante, dedicou-se à prática diária do instrumento. E não parou mais. As professoras se espantavam com o talento da moça.

Após uma passagem da famosa pianista franco-brasileira Magdalena Tagliaferro por Belém, Maria Josephina foi vê-la e ganhou apoio da música a quem cultivava profunda admiração.Ouviu que deveria tentar uma carreira no Rio de Janeiro.

Ainda jovem, foi aprovada num concurso da Fundação Carlos Gomes, em Belém, e conquistou uma bolsa para estudar na capital fluminense, onde foi aluna de Liddy Chiaffarelli Mignone, então esposa do maestro Francisco Mignone.

A professora morreu em 1962, em decorrência de um desastre aéreo. Dois anos após o acidente, Francisco Mignone se apaixonou por Maria Josephina, e os dois se casaram, iniciando uma longeva parceria musical. Surgia o Duo Mignone, que permaneceria ativo por 14 anos, até a morte do maestro, em 1986.

A dupla fez sucesso no Brasil e ganhou reconhecimento internacional com a série de concertos para a piano e orquestra batizada de "Fantasias brasileiras".

Entre um sem-número de interpretações pessoais para obras do marido e de outros compositores, entre os quais Ernesto Nazareth e Zequinha de Abreu e, gravou discos de êxito como "Mignone" (1981) e "Descobrindo tesouros: a magia de Maria Josephina no piano infantil de Mignone", com repertório voltado para o público mirim.

A artista viveu durante a maior parte da vida na cidade do Rio de Janeiro (RJ), no bairro de Copacabana, mas residia, nos últimos anos, em São Paulo (SP), ao lado da única filha, Anete Rubin, advogada especializada em direitos autorais.