Rio de Janeiro

Ao lado de Bolsonaro, Ramagem adota discurso de perseguição e busca colar Paes em Lula

Em agenda na Zona Oeste do Rio, delegado brincou sobre próprio desconhecimento perante o eleitorado

Jair Bolsonaro e Ramagem durante evento no Rio - Ricardo Moraes

Pré-candidato do PL à prefeitura do Rio, o deputado federal Alexandre Ramagem adotou nesta sexta-feira um discurso de que é alvo de perseguição, ao discursar em ato político ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ramagem, que é investigado devido a um suposto esquema de monitoramento ilegal de autoridades quando dirigia a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), também atacou o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), buscando nacionalizar a pré-campanha contra o prefeito Eduardo Paes (PSD).

Em discurso no Calçadão de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, Ramagem brincou com seu próprio desconhecimento perante o eleitorado, e lembrou ter feito campanha em 2022 carregando "uma foto em tamanho real" de Bolsonaro.

Na véspera, em ato na Zona Norte do Rio, o ex-presidente havia dito que o aliado "começa a pagar o preço" por "ombrear-se" com ele, em referência velada às investigações. Ramagem seguiu a mesma toada nesta sexta, repetindo uma série de chavões de Bolsonaro, inclusive com sugestões veladas — e sem qualquer prova — de fraude eleitoral em 2022.

— Temos um (ex-)presidente apoiado por multidões, e o outro que não consegue sair na rua foi eleito. O que aconteceu? O sistema se voltou contra todos nós. Todos nós — frisou Ramagem. — Tentaram nos tirar das ruas, nos calar nas redes sociais. Mas eles não vão conseguir. A direita está cada dia mais forte.

Além de se atrelar a Bolsonaro, Ramagem também buscou colar Paes, seu adversário, ao governo petista.

— Esse prefeito fala que é soldado do Lula. Nunca fez nada pela segurança pública — criticou.

O ato em Campo Grande teve manifestações de apoio mais explícitas a Ramagem, em comparação ao evento do dia anterior, na Tijuca. Em um discurso de cerca de 30 minutos, Bolsonaro se dirigiu repetidas vezes ao aliado, embora sem fazer pedido de voto — o que é proibido pela legislação antes do início oficial da campanha, em 16 de agosto —, e também investiu na nacionalização da campanha carioca.

— Um abraço especial ao meu amigo Ramagem. Não vou falar nada mais do que isso. Deus te dê força para superar os obstáculos — disse o ex-presidente. — O atual prefeito aqui vai ter o PT do seu lado. Comparem meus quatro anos com 14 anos do PT lá atrás e mais 1 ano e meio agora.

Em mais de um momento, Bolsonaro frisou que seus aliados se elegem graças a seu apoio. Ele citou como exemplos o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) — "Quem era Tarcísio antes de eu chegar à Presidência? Um excelente engenheiro" —, e o deputado federal Helio Lopes (PL-RJ), que se tornou "o mais votado do Rio de Janeiro em 2018" ao usar o sobrenome de Bolsonaro, como destacou o ex-presidente.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho mais velho do ex-presidente, também endossou o discurso de que Ramagem seria "perseguido" por se alinhar ao bolsonarismo.

— Quem apoia essas bandeiras toma porrada. Aqui temos nosso pré-candidato, delegado Ramagem, que está sendo mais uma vítima disso. (...) Ramagem fala em baixar imposto municipal, trazer a prefeitura para atuar na segurança pública, e toma pancada — disse o senador.