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Skimboarder brasileiro, primeiro a se arriscar nas ondas gigantes de Nazaré, vai em busca do tetra

Lucas Fink, skimboarder de 25 anos, estreia neste sábado (20) e vai em busca do quarto título do torneio para consolidar ainda mais sua carreira de sucesso

Skimboarder brasileiro Lucas Fink - Instagram/Reprodução

A segunda etapa do Mundial de skimboard acontece neste sábado (20), em Santa Cruz, na Califórnia. Ela marcará a estreia do principal nome torneio na atual edição: o brasileiro Lucas Fink inicia sua jornada em busca do tetracampeonato.

Atualmente considerado como o grande embaixador da modalidade no mundo, o atleta não impressiona somente pelos títulos e manobras.

O brasileiro se tornou o primeiro skimboarder da história a se aventurar nas ondas gigantes de Nazaré, com o tipo de prancha utilizada no esporte.

 

 
 
 
 
 
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Apesar de também apresentar características terrestres, o skimboard pode ser enquadrado na categoria de esportes aquáticos.

Na modalidade, o praticante inicia seu movimento na areia com a prancha de tamanho reduzido feita de fibra de vidro e carbono na mão, solta ela na areia ou água e realizar o deslize na direção das ondas para surfar ou “skiar”. O esporte possui características e manobras do surf, skate e snowboard.

Skimboarder nas ondas gigantes de Nazaré
A ideia de se arriscar nas ondas de Nazaré já era algo que fomentava na cabeça de Lucas, mas foi somente na época da pandemia do Covid-19 que ele passou a consolida-la para que não ficasse limitada somente à vontade.

Já patrocinado pela Red Bull, marca de energético que investe em esportes radicais, o brasileiro sabia que podia contar com o seu apoio para tirar um de seus grandes sonhos do papel.

Além da vontade de surfar em Nazaré com a prancha de skimboard pelo prazer, o tricampeão do mundo enxergava na ideia, uma maneira de expandir a visibilidade do esporte.

Apesar de ser o primeiro que embarcou nesta aventura, ele não já não era o pioneiro em ondas gigantes no esporte. O americano Brad Domke já se arriscava em mares monstruosos. Apesar de ser uma grande referência para Lucas, ele não queria apenas chegar ao seu patamar, mas ultrapassa-lo.

"O Brad foi o pioneiro do skimboard em ondas grandes, mas eu sabia que tinham muito maiores. Ele pegou uma onda gigante com um tubo bizarro, que teve uma repercussão gigante no esporte, na época. Muito inspirado por isso, eu sabia que queria seguir este caminho e também sempre acreditei que poderia traçar uma jornada que fizesse tudo dar certo" disse Lucas.

Antes de apresentar o projeto para o principal patrocinador, o brasileiro foi até Nazaré ver com os próprios olhos a atividade arriscada em que estava disposto a se meter.

Ao assistir as ondas gigantes de perto pela primeira vez, Lucas se deparou com a quase morte do surfista Pedro Scooby, após ele levar um caldo impressionante. Foi ali que percebeu que o mar "era muito mais sinistro do que pensava".

Quando teve a aprovação para levar a ideia de Nazaré para frente, o brasileiro precisou passar por uma preparação diferente em relação a que realizava para os torneio. Lucas trocou a maneira tradicional de praticar o skimboard pela ondas grandes, mais presentes no Brasil durante o inverno.

O atleta também mudou os seus treinos físicos, preparados por um treinador com experiência em ondas gigantes, Ian Cosenza.

Amigo pessoal do skimboarder, Lucas Chumbo teve um papel essencial na sua preparação para ir pegando a rotina do mar de Nazaré.

O surfista de ondas gigantes profissional o ajudou muito na parte de adaptação e ganhou um lugar ainda mais especial no coração de Fink, que quis aprender a pilotar jet-ski, essencial para a prática, como forma de retribuir o esforço disponibilizado pelo companheiro.

— Ele era o melhor do mundo nas ondas gigantes e estava se dedicando para me dar uma oportunidade de aprender a me adaptar naquele tipo único de mar. Todo momento em que estava me pilotando (no jet-ski), ele deixava de fazer o trabalho dele, que era surfar. Então, eu vi que precisava virar um piloto para poder retribuir os favores que esse cara estava me dando.

Início no Skimboard
Quando conseguiu pegar as primeiras ondas gigantes de Nazaré, Lucas Fink já marcava seu nome na história do esporte. Sua relação com a modalidade começou quando ainda era uma criança.

O brasileiro deslizou sobre a areia pela primeira vez quando tinha apenas sete anos. Praticante do surf e skate na época, ele relata que quando teve o contato inicial com o skimboard "foi amor a primeira vista".

Lucas descobriu o esporte através de seus amigos. Apesar de não entender a magnitude do skimboard de primeira, a internet o mostrou todos os elementos que envolviam a modalidade mundial.

Quando viu que poderia fazer muito mais que apenas deslizar com a prancha, ele se inspirou e entendeu que poderia alcançar um nível maior de dedicação para realiza-lo.

"Me lembro do dia em que eu tive a brilhante ideia de ir no YouTube e escrever "skimboard", na busca. Aquele foi um momento que guardei comigo para minha vida inteira. Eu tinha entre nove e dez anos de idade, então se passaram uns 3 anos de prática do esporte como hobby, quando achava que não poderia ir nem um pouco além do que já fazia. Quando vi os vídeos da galera na Califórnia pegando tubo, mandando várias manobras com as pranchas, já completamente diferentes das minhas, lembro de perceber de cara, que era aquilo que eu queria fazer da minha vida" relatou o skimboarder.

Competitivo por natureza e sempre com apoio irrestrito de seus pais, Lucas participou de seu primeiro campeonato de skimboard aos dez anos. Como não existia estrutura para categorias da sua idade, ele competiu contra adultos e impressionou.

A primeira virada de chave veio quatro anos depois, quando venceu o Mundial amador e passou a ser mais visto no cenário mundial, recebendo seu primeiro patrocínio.

Com o tempo, o brasileiro passou a se dedicar mais ao skimboard, treinando com uma maior constância e competindo em diversos campeonatos no Brasil e exterior. Em 2014, ele se profissionalizou, ganhando seu primeiro campeonato profissional brasileiro.

Já considerado como o grande nome do país na modalidade, Lucas Fink queria e sabia que poderia alcançar voos maiores. A partir dali, a grande obsessão seria o título mais cobiçado: o circuito profissional do United Skintouro, reconhecido como Mundial do esporte.

Mudança de patamar
Em 2015, quando ainda estava no terceiro ano do Ensino Médio, Lucas Fink passou a pavimentar seu caminho no Mundial, com a participação em algumas etapas do circuito. Ele competiu em metade delas, e na primeira já demonstrava até onde poderia chegar futuramente.

O brasileiro ficou na quarta colocação, um resultado considerado impressionante para alguém que não tinha nem 18 anos de idade ainda.

Diferentemente da maioria dos esportes, as vagas no Mundial de skimboard não são conquistadas por desempenho. Basta o atleta se julgar profissional e realizar a inscrição para competir. Apesar da facilidade para participar do circuito, Lucas sempre respeitou seu processo para conseguir chegar ao topo do pódio.

"Eu acredito que sempre fui muito sensato nas minhas escolhas de saber o momento certo de fazer cada transição. Quando eu me profissionalizei, já tinha conquistado um título profissional no Brasil, sido bicampeão mundial amador, competido outras vezes nos Estados Unidos e sempre chegava à final também — contou Lucas.

Em 2019, o primeiro título mundial foi conquistado, um ano após amargar o vice campeonato, marcando um ponto de virada na carreira de Lucas. Ela estava se consolidando com o apoio de marcas, diminuindo os custos das competições e aumentando a repercussão na mídia.

Com a pandemia, o United Skimtour não aconteceu em 2020 e 2021. Após ficar um bom tempo mais focado no projeto de Nazaré e sem competir, era a hora do brasileiro retomar o posto mais alto do skimboard mundial. Em 2022 e 2023, Lucas Fink conquistou o torneio e se tornou tricampeão, sendo o primeiro brasileiro da história a conseguir o feito.

Em meio as diversas conquistas, a presença de Fink nas redes sociais contribuiu para a construção de um público além do skimboard, alcançando surfistas, skatistas e outros entusiastas. A sua formação na faculdade de Comunicação Social foi essencial para ele. Isso porque ela se tornou uma forma de agregar conhecimento em marketing e comunicação, importantes para uma carreira no esporte.

A trajetória de Lucas Fink trouxe reconhecimento e comparações com grandes nomes do esporte. A carreira profissional foi consolidada, com a construção de uma identidade sólida como atleta e influenciador. No entanto, ele ainda não se dá por satisfeito.

Ciente da sua importância pelo crescimento da modalidade, o grande nome do skimboard mundial ainda tem muitos planos para o futuro.

"Na minha cabeça, eu respiro o skimboard. Eu sei os caminhos a seguir para fazer o esporte crescer, e se ninguém fizer, vou ter que ser eu que vou pegar e realizar com minhas próprias mãos. Quero ser o maior atleta profissional de todos os tempos, ganhar 10 títulos mundiais, surfar as maiores ondas do mundo. Penso em dezenas de outros projetos malucos que posso fazer com a minha prancha, que acredito ser a mais versátil do mundo."