Criança com doença genética rara recebe transplante de células-tronco na Inglaterra
Gunner Lewis-Vale, que sofre com mucopolissacaridose tipo I desde os 17 meses de vida, teve o procedimento realizado a partir do sangue do cordão umbilical de um bebê
Uma criança de cinco anos conseguiu sair de casa pela primeira vez, em seis meses, após passar por um transplante bem-sucedido de células-tronco, na Inglaterra. O inglês Gunner Lewis-Vale sofre com uma doença genética rara desde os 17 meses de vida.
O procedimento foi feito a partir do sangue do cordão umbilical de um bebê, informou o jornal britânico Daily Mirror.
À época em que surgiram os primeiros sinais da condição de saúde do garoto, seus pais, Holly e Jamie, foram informados de que, sem a cirurgia, ele viveria somente por um ou dois anos. Um transplante anterior, com um doador da Alemanha , já havia sido feito, mas não obteve sucesso.
O procedimento mais recente tinha o objetivo de estender e melhorar a qualidade de vida de Gunner, morador da cidade de Shropshire, usando amostras de um cordão umbilical doado há 15 anos e congelado em vapor de nitrogênio líquido a - 150ºC.
Após o transplante, feito em janeiro, Gunner precisou se isolar por seis meses para que seu sistema imunológico tivesse tempo de construir glóbulos brancos suficientes para combater naturalmente a infecção.
A mãe Holly, de 34 anos, conta que, agora, o filho pode aproveitar o verão europeu e tem se divertido pela cidade onde vivem com a irmã Daisy, de sete anos.
— Nós nos aventuramos no parque, na pista de skate, passeamos com o cachorro, corremos para a escola com sua irmã mais velha e saímos para alimentar os patos. A personalidade atrevida de Gunner está voltando. Ele é um garoto inteligente com um vínculo incrível com a irmã. Somos eternamente gratos à incrível mãe que doou o cordão umbilical de seu bebê — relatou Holly em entrevista ao Mirror.
Gunner tem a forma mais grave de mucopolissacaridose tipo I, uma condição hereditária rara que impede a quebra de certos açúcares no corpo.
O acúmulo de substâncias pode gerar problemas no desenvolvimento físico e mental. Ele recebeu o diagnóstico da doença em março de 2021.
O primeiro sintoma apresentado pelo garoto foi um umbigo saliente, que se dava por conta do acúmulo de açúcares em seu fígado e baço.
Após o transplante, a família do menino tem apoiado o apelo do NHS Blood and Transplant, órgão do Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido responsável por coletar sangue e outros tecidos, para que mais pessoas se registrem como doadores de células-tronco no país.
— Os glóbulos brancos do doador, esperançosamente, produzirão a enzima que lhe faltava, que decompõe o açúcar — explicou a mãe do garoto.
Guy Parkes, chefe de doação de células-tronco do NHS Blood and Transplant, endossa o pedido.
— Estamos felizes em ver Gunner brincando lá fora. Os transplantes de células-tronco só são possíveis graças à generosidade dos doadores — finalizou.