SAÚDE

Como lidar com perguntas invasivas? Especialistas respondem

Existem maneiras fáceis de escapar ou enfrentar a "curiosidade predatória" de outras pessoas

Como lidar com perguntas invasivas? Especialistas respondem - Freepik

Em algum momento, qualquer pessoa já se sentiu desanimada com perguntas invasivas: "Por que não está em um relacionamento? Por que ainda está desempregado?" Muitos de nós ouvimos as mesmas perguntas com tanta frequência que podemos sentir o aumento da intensidade delas.

Para Scott Shigeoka, pesquisador da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, e autor de “Seek: Como a curiosidade pode transformar sua vida e mudar o mundo”, essas perguntas geralmente são uma tática para as pessoas compartilharem seus próprios pontos de vista.

— Quando você está genuinamente curioso sobre alguém, a mensagem é "eu quero entender você" — explicou Shigeoka.

Mas quando as pessoas fazem perguntas com um objetivo, elas estão usando algo que ele chama de “curiosidade predatória”.

 

— Nesse caso, elas estão dizendo: "Quero mudar você" — esclarece Shigeoka.

Você não deve uma resposta a ninguém
Em primeiro lugar, Adia Gooden, psicóloga clínica de Chicago, nos EUA, aconselha tirar um momento para entrar em sintonia consigo mesmo e ver se você quer responder a essa pergunta.

— Existem normas sociais em torno da ideia de que se alguém lhe fizer uma pergunta, você deve respondê-la, porque muitas vezes as respostas são muito pessoais. Um mantra útil para dizer a si mesmo, é: “É compreensível que essa pergunta tenha me deixado desconfortável e não sou obrigado a respondê-la” — aponta a profissional.

Como evitar o assunto?
Karthik Gunnia, professora assistente de psicologia aplicada na Universidade de Nova York, ofereceu sua resposta para perguntas invasivas. Em um tom calmo e neutro, ela sugere que simplesmente diga: “Prefiro não falar sobre isso”.

Gunnia gosta dessa frase porque ela pode ser usada em muitos ambientes diferentes e estabelece um limite mas parece menos vulnerável do que dizer "Isso é pessoal" ou "Não me sinto à vontade". Também não é necessário encerrar a conversa.

Ela recomenda continuar com algo como: “Mas eu gostaria de compartilhar essa história engraçada que aconteceu recentemente”. Dessa forma, você não está rejeitando a pessoa, apenas o assunto. Já Gooden sugeriu dizer com firmeza: “Obrigado por sua preocupação, eu agradeço. Estou indo muito bem”.

Se decidir responder, faça em seus próprios termos
Perguntas invasivas de amigos e familiares podem ser desagradáveis, segundo Niro Feliciano, psicoterapeuta e autora de “This Book Won't Make You Happy: Eight Keys to Finding True Contentment” (Este livro não o deixará feliz: Oito chaves para encontrar o verdadeiro contentamento, em tradução livre do inglês).

Para ajudar a controlar os próprios sentimentos quando essas perguntas forem feitas, Feliciano indica respirar fundo com uma expiração mais longa, o que, de acordo com estudos, pode reduzir o estresse e ajudá-lo a tomar melhores decisões.

Como controlar a própria reação?
Se você decidir responder, seja breve. E se você receber a mesma pergunta de um ente querido toda vez que estiverem juntos, o psicoterapeuta sugere evitar o confronto no momento, se possível, principalmente se estiverem em qualquer tipo de reunião.

— Isso pode afetar o resto de sua tarde ou noite, e você não merece isso. E eles não merecem esse poder. Em vez disso, você pode dizer: "essa é uma questão realmente emocional para mim, portanto, se você estiver interessado, vamos marcar um outro encontro para conversarmos por telefone sobre isso”. Dessa forma, a pessoa tem de se esforçar se realmente quiser abordar o assunto e se estiver com boas intenções — pontua Feliciano.

Em seguida, acrescentou ela, faça o acompanhamento com uma conversa franca, pois é importante chegar à motivação das perguntas.

— Você pode dizer: "Por que você me pergunta isso?" ou "O que te preocupa em relação a mim?". Se a pessoa for alguém que se preocupa genuinamente com você, mas talvez seja excessivamente zelosa, tente dar um desconto, se puder — acrescenta.