ECONOMIA

Janja defende combate à "pobreza energética": entenda o que é e sua relação com a fome

Programa de produção de gás a partir de biodigestores será apresentado em grupo de trabalho sobre transição energética do G20, de acordo com primeira-dama

Janja - Fernando Frazão/Agência Brasil

O governo federal pretende lançar um programa de combate à 'pobreza energética', que pretende produzir gás para abastecer cozinhas a partir de biodigestores.

A ideia será apresentada em um grupo de trabalho sobre transição energética, em Foz de Iguaçu, em outubro deste ano, informou hoje a primeira-dama Janja da Silva, em um evento do G20 no Rio.

Em um dos eventos paralelos à reunião de ministros de finanças do G20 que é realizada no Rio nesta semana, Janja participou de um debate sobre como a fome e a pobreza afetam principalmente mulheres e meninas no Brasil e no mundo.

Janja mencionou a chamada "pobreza energética" horas depois de o presidente Lula, na manhã desta quarta-feira, prometer acabar com a insegurança alimentar no Brasil e tirar o país do Mapa da Fome até o fim de seu mandato, em declaração no pré-lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, em reunião do G20 sobre o combate à fome, que está diretamente relacionado com a chamada "pobreza energética".

 

Sobre o novo projeto, Janja disse que ideia surgiu a partir da aproximação do presidente com a África, onde observou a realidade de mulheres que precisavam cozinhar com fogão à lenha, por não terem acesso à gás. Para a primeira-dama, essa questão também está presente no Brasil e tem relação com a fome no país.

— Essa é uma experiência que a gente quer que esteja na cesta de políticas públicas, porque isso vai beneficiar muito as mulheres de diferentes lugares do mundo. Elas não vão precisar mais sofrer queimaduras por estarem cozinhando com lenha, não vão precisar mais andar atrás da lenha e se expor a uma violência e a um abuso sexual — disse Janja.

Para ela, olhar para as condições das mulheres e meninas está no debate central do combate à pobreza e à fome no país, uma vez que elas são as mais afetadas e mais vulneráveis em termos socioeconômicos, além de serem mais encontradas como chefes de famílias do que homens, tendo que se desdobrar para conseguir alimentação para o grupo familiar.

— É imprescindível que a cesta de políticas públicas da Aliança Global olhe para as meninas e mulheres. Quando o presidente Lula assume a presidência do G20, ele pede que todos os Grupos de Trabalho tenham como transversal a questão de gênero — disse a primeira-dama.

Janja mencionou também o Bolsa Família, como programa de distribuição de renda que beneficia mulheres chefes de família, e o programa de Alimentação Escolar, afirmando que este contribuiu para que o país saísse do Mapa da Fome no segundo mandato do presidente.

Ao falar de sua participação na Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, Janja repetiu uma provocação, dizendo não ser "bela e recatada", em referência à reportagem publicada pela revista Veja, em 2016, que usou esses termos para apresentar a ex-primeira-dama Marcela Temer. Ele indicou que está engajada na discussão de políticas públicas contra a fome e a pobreza:

— Eu incorporei a Aliança Global para mim, e eu sei que sou a esposa do presidente e todo mundo espera que uma primeira-dama fique bela e recatada, mas eu não sou assim. Estou na linha de frente.

A declaração foi feita no evento "Políticas Públicas de Combate à Fome e à Pobreza: Empoderando Mulheres e Meninas para o Desenvolvimento Sustentável", que aconteceu no Galpão da Cidadania, no Rio de Janeiro.