OPINIÃO

Lucy no Céu com diamantes

O fato ocorreu há mais de 50 anos. Um grupo inglês from Liverpool, lançou o “Sgt. Pepper's lonely hearts club band”, considerado um dos melhores álbuns do séc. XX. Já seria sucesso pela trajetória da banda, mas tudo era novo, de boa qualidade, elogiado pela crítica e admirado pelos fãs.

É um álbum icônico, a começar com montagem fotográfica na capa que traz, além da banda, fotos coladas de 56 personagens, como: Marlon Brando, Edgar A. Poe, Bob Dylan, Mae West, Dylan Thomas, Lewis Carroll, Marilyn Monroe, Lawrence da Arábia etc.

Foi o primeiro álbum de rock a trazer as letras impressas, a introduzir novos instrumentos, sons especiais etc. Só por aí, já seria um marco, mas o pacote trouxe a música “Lucy in the sky with Diamonds”, de J. Lennon. Vendeu muito e, por conta da tal música, vendeu muito mais.

Divulgaram que a letra era uma alusão à droga LSD (iniciais da letra da canção), mesmo o autor explicado que o título foi inspirado num desenho do seu filho Julian. O tempo passou, Lennon passou para outra e o álbum continua vendendo. Os diamantes são eternos (alguém já falou) e estão no Céu.

Uma coisa puxa outra e outra puxa uma. Estava ainda em solo para uma viagem de dez horas no bicho que avoa e levava comigo uma garrafa de “água escocesa” de 330 ml, que funciona como relaxante para esse tipo de jornada. Uma comissária viu a garrafinha e dedurou para o chefe da tripulação, que pediu para guardar a garrafa com o líquido nela contido.

Abro uma pausa porque lembrei da Divina Comédia, de Dante Alighieri, um livro dividido em três partes: Céu, Inferno e Purgatório. O nome do comissário era o mesmo do autor italiano. Desejei a ele um dos círculos, que foi oferecido aos gulosos: flagelo por uma nuvem putrefata, vigiado por Cérbero, o cão de três cabeças. Viajei e cheguei. No desembarque, ele quis me devolver a garrafa e eu, educadamente, disse “pode ficar com ela”. No pensamento, o que quis dizer foi “enfia no mealheiro”.

O céu – no sentido mais amplo – é que nem coração de mãe: sempre cabe mais um. Passam por ele aviões, ovnis, pássaros, Lucy, Superman, diamantes, satélites, sondas, nuvens e até borboletas. Sim, borboletas de um determinado tipo, cruzam o Atlântico. Aproveitam as correntes aéreas e chegam a voar numa velocidade de 40km/hora, durante dois dias, sem escalas, sem alimentação.

Esse voo é como se estivessem numa “autoestrada aérea” ou surfando na estratosfera. Alguém poderá dizer que o feito “é moleza”. Não é não e pode ensinar aos humanos que não podemos transformar a natureza, mas podemos usar o que ela tem de melhor para o bem-estar dos animais – racionais ou não.
 
“Borboleta não é ave/borboleta ave é/borboleta só é ave/na cabeça de muié” (Nelson Ferreira/J.B. Diniz).

*Executivo do segmento de shopping centers


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