Cresce a troca de acusações entre Kamala Harris e Donald Trump

Kamala diz que Trump tem passado obscuro; já ele a tacha de lunática e mentirosa

Kamala Harris e Donald Trump. - Brendan Smialowski e Patrick T. Fallon/AFP

As tensões entre Kamala Harris e Donald Trump estão crescendo. A vice-presidente acusou o republicano de arrastar os Estados Unidos para um "passado obscuro" e ele afirmou que os democratas largaram Joe Biden e, em seu lugar, ficou ela, "lunática" e "mentirosa".

O programa dos republicanos "é um passado obscuro", disse Harris à Federação Americana de Professores, reunida em Houston, estado do Texas.

"Trump e seus aliados extremistas querem levar nossa nação de volta a políticas econômicas fracassadas, à luta contra os sindicatos, à volta das isenções fiscais para os bilionários", acrescentou a candidata democrata, que deve ser oficialmente indicada na convenção do partido em agosto.

A ex-senadora e ex-procuradora de 59 anos defendeu os sindicatos, que "ajudaram a construir a classe média americana".

Os democratas, disse ela, querem educação e saúde para todos e apoiam o controle de armas e o direito ao aborto.

Apoio latino
"Nós queremos banir armas de assalto e eles querem banir livros", declarou Harris.

A democrata publicou nesta quinta seu primeiro vídeo de campanha, no qual clama por "liberdade". Como trilha sonora, usou a canção "Freedom" (Liberdade), de Beyoncé, que raramente cede suas músicas.

E ganhou outro apoio importante, o da sindicalista, feminista e ambientalista Dolores Huerta, muito influente entre os eleitores hispânicos.

"Donald Trump representa um grave perigo para as causas pelas quais lutei durante toda a minha vida. Mas Kamala Harris acredita, tal como eu, que os Estados Unidos são tão grandes quanto as oportunidades que criamos e as liberdades que proporcionamos a cada americano", diz Huerta em um comunicado.

Assim, Dolores entra para uma longa lista de grupos e congressistas latinos que apostam na vice-presidente.

Por sua vez, Trump, que adora colocar apelidos, a chama de "Kamala, a mentirosa".

Em declarações à Fox News, afirmou que a ex-presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi e o ex-presidente Barack Obama conspiraram nos bastidores contra Biden e o derrubaram.

Pareciam gentis na televisão apoiando Biden, disse o republicano, "mas nos bastidores [...] foram brutais" com ele. "Estavam tentando dar um golpe de Estado", declarou.

Joe Biden explicou na quarta a seus compatriotas que desistiu de se candidatar a um segundo mandato pela "defesa da democracia" e para dar lugar a "vozes jovens", após semanas de pressão dos democratas devido a dúvidas sobre seu estado físico e sua agilidade mental.

"Tias dos gatos"
O republicano, de 78 anos, agora centra seus ataques em Harris e diz que ela é "pior" que Biden.

Na noite de quarta-feira, em um discurso antiaborto durante um comício na Carolina do Norte, ele a acusou até mesmo de defender a "execução de bebês".



Seu companheiro de chapa, J.D. Vance, foi criticado nesta quinta pela atriz Jennifer Aniston, por ter falado de "tias dos gatos sem filhos, solitárias e infelizes", referindo-se ao fato de Harris não ter filhos.

A atriz de Friends, que reconheceu publicamente ter vivido um calvário tentando engravidar, respondeu ao senador no Instagram: "De verdade, não posso acreditar que isso venha de um potencial vice-presidente dos Estados Unidos."

"Czarina da fronteira"
Vários republicanos, como o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, pediram nesta semana aos membros do partido que se concentrem na trajetória política de Harris, e não em seu gênero ou cor de pele, informou a imprensa americana.

Com seis votos favoráveis de democratas, os republicanos aprovaram nesta quinta, na Câmara, uma resolução crítica ao trabalho de Kamala Harris como encarregada da luta contra a imigração irregular.

A vice-presidente é chamada de "czarina da fronteira" pelo texto simbólico, que não causará repercussões na política migratória.

Em uma nova pesquisa do New York Times/Siena College, Trump e Kamala estão empatados nas intenções de voto.