Kamala diz a Netanyahu que não ficará calada sobre guerra em Gaza
Horas antes, Biden e Netanyahu se reuniram na Casa Branca
O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, se reuniu nesta quinta-feira, 25, com Kamala Harris, vice-presidente dos EUA e provável candidata democrata na eleição presidencial. Ao premiê, ela pediu um acordo de cessar-fogo com o Hamas, a libertação dos reféns israelenses e disse que não ficaria calada sobre o conflito.
"Israel tem o direito de se defender. Mas a forma como faz isso é importante. Deixei clara minha séria preocupação com a terrível situação humanitária em Gaza. Não vou ficar calada", disse Kamala, em uma visível mudança de tom com relação ao presidente, Joe Biden.
Em linha com a tradicional política externa americana, no entanto, Kamala disse que Israel tem o direito de se defender e condenou os ataques do Hamas de 7 de outubro. "Vamos fechar o acordo para um cessar-fogo e acabar com a guerra", disse Kamala. "Vamos trazer os reféns de volta para casa e vamos proporcionar o alívio tão necessário ao povo palestino."
Horas antes, Biden e Netanyahu se reuniram na Casa Branca. Diante das câmeras, o encontro parecia amigável. Mas, a portas fechadas, o presidente também pressionou Netanyahu a aceitar um acordo de cessar-fogo com o Hamas que envolva a libertação dos reféns israelenses em Gaza.
Detalhes
Segundo o New York Times e o Washington Post, um acordo em Gaza nunca esteve tão perto. "Basta Israel aceitar", disse ontem um assessor de Biden à CNN. Enquanto os dois se reuniam na Casa Branca, o porta-voz de Segurança Nacional dos EUA, John Kirby, disse que "as diferenças poderiam ser superadas". "Precisamos fazer isso rápido", disse. "Estamos mais próximos do que nunca. Os dois lados precisam fazer concessões "
A viagem de Netanyahu a Washington não poderia ter acontecido em um momento mais conturbado na política americana. Após decidir buscar apoio nos EUA, o republicano Donald Trump levou um tiro na orelha direita, Biden desistiu da corrida presidencial e sua vice, Kamala, assumiu a campanha democrata.
Pressão
Internamente, Netanyahu também vem sofrendo pressão das famílias dos sequestrados e de parlamentares da oposição, que organizam manifestações de rua cada vez maiores e acusam o premiê de sabotar um acordo com o Hamas. Com sua popularidade em queda livre, o primeiro-ministro israelense estaria usando a guerra em Gaza para ganhar uma sobrevida e escapar do julgamento das urnas
Afagos
"Temos muito o que conversar", disse ontem Biden, ao dar as boas-vindas a Netanyahu no Salão Oval. "De um orgulhoso judeu sionista para um orgulhoso irlandês-americano sionista, quero agradecer-lhe por 50 anos de serviço público e 50 anos de apoio ao Estado de Israel", respondeu Netanyahu a Biden, no início da reunião.
O presidente dos EUA agradeceu a Netanyahu e observou que seu primeiro encontro com uma primeira-ministra israelense foi com Golda Meir, em 1973, logo após ele ter sido eleito para o Senado americano.