Justiça

PGR denuncia Nikolas Ferreira por injuria contra Lula

Deputado federal afirmou no ano passado que presidente é "ladrão que deveria estar na prisão"

O deputado federal Nikolas Ferreira discursa no plenário da Câmara - Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou nesta sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia contra o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) por injúria contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A denúncia ocorreu devido a Nikolas ter chamado Lula de "ladrão que deveria estar na prisão", no ano passado.

A investigação foi aberta a partir de uma representação feita pelo próprio Lula ao Ministério da Justiça.

A Polícia Federal (PF) solicitou ao STF, então, a abertura de um inquérito, o que foi autorizado pelo ministro Luiz Fux, relator do caso.

Em junho, a PF concluiu a investigação e apontou que Nikolas cometeu injúria contra Lula, mas deixou de indiciar o deputado por se tratar de um "crime de menor potencial ofensivo".

A declaração de Nikolas ocorreu em novembro do ano passado, durante evento realizado na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), mas sem relação com a entidade. Na fala, ele mencionou um suposto apoio a Lula da ativista ambiental Greta Thunberg e do ator Leonardo Di Caprio.

— Isso se encaixa perfeitamente com Greta e Leonardo Di Caprio, por exemplo, que apoiaram o nosso presidente socialista, chamado Lula, um ladrão que deveria estar na prisão.

Para o vice-procurador-geral da República, Hindenburgo Chateaubriand Filho, a declaração não deve ser protegida pela imunidade parlamentar, porque não tinha relação com o mandato.

"Não havia, no contexto da referência depreciativa feita pelo denunciado ao presidente da República, nenhuma possível correlação com o exercício do mandato parlamentar. O que se evidenciou foi a clara intenção de macular a honra da vítima", escreveu Chateaubriand Filho.

Proposta de acordo
Ao oferecer a denúncia, a PGR solicitou que seja designada uma audiência para negociação de um acordo de transação penal, quando o acusado aceita cumprir certas medidas, em troca do arquivamento do processo. Caso não haja acordo, a denúncia tramita normalmente.

O crime de injúria prevê pena de um a seis meses de detenção (quando não há regime fechado) ou multa.

A PGR, no entanto, solicitou que sejam aplicados três agravantes de pena, pelo crime ter sido cometido contra o presidente da República, contra pessoa maior de 60 anos e por ter sido divulgado em redes sociais.

Deputado alegou 'livre manifestação"
Em depoimento, em maio, Nikolas afirmou que estava "exercendo a livre manifestação do seu mandato" e que "a intenção não foi ofender, apenas se manifestar dentro dos direitos garantidos por sua imunidade parlamentar.

O parlamentar ainda acrescentou "não se arrepende das palavras proferidas e que defende sua imunidade parlamentar" e que "não pode se arrepender de um direito baseado na Constituição".