São Paulo

Boulos e Nunes sobem o tom e levam disputa em São Paulo à Justiça Eleitoral

Em novo lance da disputa que travam nos tribunais, candidato do PSOL à prefeitura da capital pede que o emedebista se retrate por ter se referido a ele como "vagabundo" e "sem-vergonha"

Ricardo Nunes (à esquerda) conseguiu aprovar projetos com votos de vereadores do PT, enquanto Boulos tem apoio de Lula e Gleisi para disputar a prefeitura paulistana - Reprodução

Em mais um capítulo da guerra judicial travada entre os dois, o candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) pede na Justiça que o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que disputará a reeleição, seja obrigado a se retratar por ter se referido a ele como “vagabundo” e “sem-vergonha” durante a convenção do PL, na última segunda-feira.

A ação foi ajuizada na noite de quinta-feira, e a defesa do deputado pede que o emedebista faça uma retratação pública nas redes sociais com a publicação do currículo Lattes de Boulos, para mostrar que ele é professor e que “construiu ainda uma sólida formação acadêmica, com mestrado em Medicina (Saúde Mental) pela Universidade de São Paulo (USP), especialização em Psicologia Clínica pela PUC-SP e graduação em Filosofia”.

Durante discurso na convenção, Nunes agradeceu o apoio do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro — ausente no evento — na missão de derrotar o adversário, a quem, sem citar o nome, se referiu com ofensas.

— Quero agradecer a cada um dos senhores por dar esse voto de confiança. Para que a gente possa dar continuidade ao trabalho e vencer esse invasor, esse vagabundo, esse sem-vergonha — disse Nunes.

Batalhas na Justiça
Este não é o primeiro conflito entre Boulos e Nunes que vai parar na Justiça, tanto na esfera eleitoral quanto na civil.

O psolista já afirmou que sempre que houver ofensas e calúnias por parte de qualquer adversário vai ajuizar ações.

— Vocês lembram do zagueiro do Corinthians, Célio Silva? Nosso enfrentamento vai ser igual, não vamos deixar passar nada — afirmou, no último dia 18, um dia após acionar Pablo Marçal (PRTB) por fake news.

Nunes, por sua vez, também já ajuizou ações contra Boulos. Uma delas se referiu à divulgação de forma distorcida nas redes sociais do psolista da pesquisa RealTime Big Data em março.

O partido do prefeito pediu que o post no Instagram fosse apagado porque o gráfico estava desproporcional aos percentuais apresentados e porque havia dois candidatos do mesmo partido na imagem, um cenário inexistente na pesquisa.

Na ocasião, a pré-candidata Tabata Amaral (PSB) também ajuizou ação contra o mesmo post, já que Boulos havia excluído seu nome da pesquisa.

A Justiça determinou a retirada da postagem.

O MDB também acionou a Justiça pedindo uma investigação sobre possíveis crimes eleitorais envolvendo a distribuição de leques pró-Boulos durante o Carnaval, além de punições pelo pedido antecipado de voto por parte do presidente Lula a Boulos no ato de 1º de Maio das centrais sindicais.

Tanto o presidente quanto o deputado foram condenados a pagar multa.

Uma outra representação acusou Boulos de divulgação irregular de pesquisa ao afirmar que estava em primeiro lugar na pesquisa Datafolha, e não empatado tecnicamente com Nunes.

Essa foi julgada improcedente, e o MDB decidiu não recorrer.

Nunes ainda ajuizou uma ação de danos morais contra Boulos, na Justiça comum, pedindo retratação após o deputado afirmar que ele “rouba” e “faz esquema” em contratos emergenciais firmados pela administração pública.

A 19ª Vara Cível da capital negou liminar neste caso, mas o processo ainda terá seu mérito julgado.

Boulos, por sua vez, tem ações contra o prefeito relativas tanto à eleição quanto à gestão dele na prefeitura.