Olimpíadas

Ovacionada pela torcida, Rayssa Leal conquista bem mais do que o bronze olímpico

Brasileiros roubaram a cena nas duas sessões do skate street feminino, neste domingo (28)

Rayssa Leal - Kirill Kudryavtsev/AFP

Direto de Paris, França – É inegável que a jovem Rayssa Leal, de apenas 16 anos, já está na história do esporte olímpico brasileiro e mundial. Afinal, nunca antes na história, uma atleta tão jovem conquistou medalhas em duas edições diferentes das Olimpíadas. Mas a quantidade de torcedores brasileiros que fizeram questão de apoiar a “Fadinha” mostra que a skatista maranhense conquistou bem mais.



A arena La Concorde 3 foi tomada de brasileiros para as duas sessões do skate street feminino, na primeira vez do esporte em jogos olímpicos com público, já que a estreia da modalidade em olimpíadas aconteceu em Tóquio,quando ainda se combatia a Covid-19. Ali, com a medalha de prata conquistada, Rayssa, então com apenas 13 anos, caiu nas graças do público.

Mal sabia ela que, três anos depois, veria o resultado com os próprios olhos: milhares de brasileiros gritando seu nome e buscando, ao menos, um aceno da garota de 16 anos. “A gente se sentiu em casa. Só tinha brasileiro na torcida”, relatou o servidor público Silas Falcão, que trouxe a esposa e a sogra, Gabriela e Ieda Haddad, respectivamentee, além do amigo engenheiro Rodrigo Oliveira, todos de Belo Horizonte, em Minas Gerais, para curtir os Jogos Olímpicos. “A gente já sabia que ela era muito nova. Mas, quando a gente ver de perto… é uma criança. O que só mostra o tamanho do feito dela”, pontua Gabriela. 

O verde e amarelo tomaram conta das arquibancadas da arena. A quantidade de bandeiras brasileiras também impressionava. E, claro, a mais brasileira das características: a animação. A cada movimento de Rayssa, um frisson. Quando caía, aplausos e cânticos com o nome da skatista, para levantar a moral. Quando acertava, uma celebração intensa, que tremia as estruturas da arena montada ao lado do Obelisco de Luxor. Era notório, inclusive, o quanto os torcedores brasileiros se continham para não comemorar as quedas das adversárias.

A La Concorde 3 foi, literalmente, pequena para Rayssa. Além dos milhares acomodados nas arquibancadas, outras centenas de brasileiros, que compraram ingressos para outras modalidades que aconteceriam em outras arenas do complexo, aproveitaram um espaço sem estrutura para ver o que podia e, vez ou outra, entravam em polvorosa com um aceno da fada.

A queda da japonesa Chenxi Cui, que confirmou a medalha de bronze, aconteceu quase que ao mesmo tempo da confirmação do bronze de Larissa Pimenta, no judô feminino, o que fez os brasileiros, que dividiam a atenção com a transmissão pelo celular, comemorarem duplamente, como se Rayssa fosse, de fato, a campeã.

Agora, em Paris, Rayssa colhe os frutos do que fez em Tóquio. Para a campeã mundial do skate street, Letícia Bufoni, que, inclusive, foi a responsável por abrir simbolicamente a final, a tendência é que colha frutos ainda maiores em Los Angeles, daqui a quatro anos. 

“Ela queria muito o ouro. Infelizmente não veio, teve um probleminha ali no caminho. Mas, na próxima, vem o ouro e com mais gosto ainda. Impressionante tudo o que ela já fez e o que ela ainda vai fazer. Imagina, em 2028, ela terá 20 anos apenas”, comemorou Bufoni, em entrevista exclusiva à Folha de Pernambuco.